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30 junho 2006

pic32nic


amanhã
quando reencontrar despidos
os campos de feno

sobra-me o teu abraço.

no vínculo
do nosso encontro está
uma noite anil
que nunca escurece.

forma


enquanto pisas o chão
devagar
abano os dedos

a energia
é uma forma
sempre tão expectante.

29 junho 2006

inside Teresa's heart


when I sit here
listening to the sounds of your country
I am still mind-traveling
to places
I've never been.

I don't know if it's the best one,
but it sure points out
the warmth
inside Teresa's heart.

um presente de um grego
que conheci
no Concerto dos Madredeus
em Atenas.

escreves-me
e toco por momentos
o poder das oliveiras.

concepção


enquanto entendo
a realidade
dos dias

concebes
o que tens
de mais precioso.

dizias tu do divino?

27 junho 2006

elevamo-nos sempre mais


elevamo-nos sempre mais
nos dias em que com luz de cima
damos
o outro lado da face.

nesses dias helénicos
nem suspeitava
dessa beleza chamada
futuro.

25 junho 2006

dank u veel


a mais saborosa
de sempre.

24 junho 2006

abafado


numa casa
de paredes
resolvidas,

cada homem

traz um poeta
ao peito.

partilham-se iguarias
à volta da mesa
sempre transportada,

onde a água
não tem lugar.

nomeam-se
portuguesas
com Luz de cima.

no meio de
tanta gente

reconstruo assim
a minha individualidade.

22 junho 2006

um ano mais longo


numa cidade
onde o céu é mais alto
ensinas-me a tua
serenidade
e o teu olhar
de frente

dizem que malva
é a cor da transformação.

21 junho 2006

o anjo mudo


na caixa helénica

surge-me o preferido
como uma primeira vez.

reconhecerei as ruínas
daquilo que amei,
daquilo que nomeei


para entender o mundo.

19 junho 2006

luz na praia


as noites
trasformam
o banho das raízes.

um lugar
onde quedas
são acolhidas
como pedras
de formas

sempre preciosas.

15 junho 2006

à tua volta


enquanto atingias
a idade de Cristo
a construção
espalhava-se

à tua volta.

gente útil


contigo

lembro-me
dos taxis antigos

das viagens de rasgo
que nos movem
em busca
da "utilidade".

14 junho 2006

abandono


dirijo-me
ao mais indivisível
dos silêncios.

elevação


abraças-me

e rasgo
aquilo
que chamei de casa.

nos olhos


resgistava-te
no mais brilhante
dos encontros.

performance


na noite
em que me trouxeste
despiam-se na rua
os jacarandás.

13 junho 2006

a próxima paragem


à mesa do café
moldamos de branco
um percurso
mais ousado.

12 junho 2006

de vidro


sentei-me
numa parede de vidro
e comungámos
o momento mais
aquático.

limpo


nos lugares
onde um dia habitei
limpo
o que contruí
como o último
dos tesouros.

11 junho 2006

inundação


hoje
acordei
inundada de frésias.

10 junho 2006

o poder das frésias


da beleza
que trazes dentro
e do nascer do Sol
onde me levaste
a caminhar
sobre a água

reconstruíste-me
a branco e seda.

devolve-se assim
o poder das frésias.

09 junho 2006

devagar


da energia das árvores

recolho devagar
o chão de Lisboa.

das tuas mãos


no toque
das tuas mãos
alimentas ainda
a alma
de quem te alcança.

08 junho 2006

um beijo na ponta dos dedos


meu único país é sempre onde estou bem
é onde pago o bem com sofrimento
é onde num momento tudo tenho

o meu país agora
são os mesmos campos verdes
que no outono
vi tristes e desolados
e onde nem me pedem passaporte
pois neles nasci e morro a cada instante
que a paz não é palavra para mim

o malmequer a erva o pessegueiro em flor
asseguram o mínimo de dor indispensável
a quem na felicidade que tivesse
veria uma reforma e um insulto

a vida recomeça e o sol brilha
a tudo isto chamam primavera
mas nada disto cabe numa só palavra
abstracta quando tudo é tão concreto e vário

o meu país são todos os amigos
que conquisto e que perco a cada instante

os meus amigos são os mais recentes
os dos demais países os que mal conheço e
tenho de abandonar porque me vou embora
pois eu nunca estou bem aonde estou
nem mesmo estou sequer aonde estou

eu não sou muito grande nasci numa aldeia
mas o país que tinha já de si pequeno
fizeram-no pequeno para mim
os donos das pessoas e das terras
os vendilhões das almas no templo do mundo

sou donde estou e só sou português
por ter em portugal olhado a luz
pela primeira vez.


um beijo na ponta dos dedos
ao peregrino e hóspede sobre a terra,
no dia em que regressámos um ao outro.

vestida de Jacarandás


"vi-te neste dia,
em que choravas
tão plena de vida estavas
que nunca ninguém viu
tanta luz, nem beleza, nem forma
de dançar queria eu ir contigo
perder-me nesse teu encontro
que é princípio. "

obrigada F

06 junho 2006

uns anos chamados família


no dia
em que me vesti
de Jacarandá,

05 junho 2006


e debaixo de um tecto
onde se confiavam vontades,

senti a energia
de um caminho.

um lugar
onde te expliquei
o mais puro
dos segredos.

e descobri
o valor de sermos
um.

uma vitória
chamada casa,

ou uns anos
chamados família.

02 junho 2006

o telegrama


no teu longo abraço
salvas-me sempre
da magia
mais aquática.

Lisbon Village Festival


o cinema
anda à solta em Lisboa
no primeiro festival
de cinema da Europa.

a mais pura


na noite em que tocava
o fogo,
resgatavas-me
para a mais pura
das belezas.

o primeiro


o primeiro leilão de fotografia
em Portugal.
ou um orgulho
de sangue.