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31 março 2008

O Senso e a Cidade l A Cidade de Seda


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Sempre defendi uma Lisboa sofisticada. Menina e moça sim, mas sem lugar a esplanadas de plástico ou portas de alumínio, já que a minha cidade tem dádivas que não se compram.
Porque as suas qualidades naturais me preenchem sempre, na passada semana tive a oportunidade de descobrir-lhe uma vista que apenas imaginava em sonho. Sem a conhecer sabia que um dia, tal como a capacidade de deixar a vida surpreender-me, ela se cruzaria com a minha existência. Uma morada que abraça Lisboa em cento e oitenta graus de história e sentimentos únicos por quem a sente tanto como eu tento.
Um bar com um magnânimo terraço do último andar da Rua da Misericórdia, no Chiado está a fazer as delícias a quem de facto ama esta cidade.
Inalcançável para alguns, este discreto clube está a puxar pelo lado mais sofisticado dos portugueses. Aqui a água e sabão são trocados por auto-estima, amor-próprio e muitos brilhos nocturnos. Aceitando o elitismo, a existência é de louvar e por trás desta exigência estética que tanto engrandece o enjoy life está o melhor do mundo: os outros.
Nota vinte para o grupo de amigos que sonhou e construiu esta morada oferecendo à nossa cidade um lugar que na minha opinião ultrapassa claramente a experiência do restaurante Felix em Kowloon, situado no vigésimo oitavo andar do Hotel Península e de onde se avista soberbamente a energia de Hong Kong.
Quanto aos sonhos dos viajantes da minha querida cidade de seda e reflectindo no que se pode vir a tornar a nossa capital lembro-me sempre de Fernando Pessoa: porque eu sou do tamanho do que vejo, e não, do tamanho da minha altura.
coluna publicada a 31 de Março no Meia Hora.

28 março 2008

Descobrir l um outro toque de Midas


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23 março 2008

O Senso e a Cidade l uma lenta reverência


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António Ramos Rosa escreveu que cada árvore é um ser para ser em nós. Para ver uma árvore não basta vê-la. A árvore é uma lenta reverência, uma presença reminiscente, uma habitação perdida e encontrada. À sombra de uma árvore, o tempo já não é o tempo, mas a magia de um instante que começa sem fim, a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas e de sombras interiores. Nós habitamos a árvore com a nossa respiração, com a da árvore. Com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses.
As árvores têm um papel fundamental nas cidades. Além de melhorarem sem dúvida a qualidade do ar, diminuírem a erosão dos solos, reduzirem o perigo de cheias e contribuírem para melhorar o ambiente social, encorajam as actividades ao ar livre.
Responsáveis por absorver o dióxido de carbono e transformarem-no em oxigénio, diminuem as emissões de CO2 que contribuem para o aquecimento global. Responsáveis por filtrar os poluentes ambientais, as baixas temperaturas associadas à sombra das árvores podem reduzir a percentagem de hidrocarbonetos que evaporam do combustível dos automóveis.
Como se isso não bastasse, as árvores atenuam os ruídos e embelezam a cidade. No começo da Primavera faço-lhes homenagem. Infelizmente são muitas as destruições das escassas zonas verdes de Lisboa e sem conta as diversas caldeiras sem árvores, ou cepos, muitos deles ocos e a servirem diariamente de caixotes do lixo.
No entretanto e porque o sonho também existe, por estas linhas alcanço as imagens breves, onde costumo esvoaçar sobre as calçadas. Nesses dias, os passeios são inundados pela beleza dos Jacarandás.
coluna publicada a 24 de Março no Meia Hora.

20 março 2008

Descobrir l para ressuscitação de Divas


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17 março 2008

O Senso e a Cidade l SOS Azulejo


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Sejam eles hispano-mouriscos, encomendas da Flandres, de repetição, de obras encomendadas na Holanda, do Ciclo dos Mestres, da Grande Produção Joanina, do Rococó do Neoclássico, das fachadas de azulejo do Século XIX, de Rafael Bordalo Pinheiro, Querubim Lapa ou Jorge Barradas, de grandes campanhas do Metropolitano de Lisboa ou de outras grandes obras públicas, o azulejo faz parte da história da nossa identidade enquanto cidade.
Na viagem persistente da procura de uma casa, com algum carisma especial tenho observado com alguma tristeza a falta de azulejos, não apenas em fachadas, mas também no interior de algumas escadarias lisboetas.
Designado por uma placa de cerâmica quadrada, com uma das faces decorada e vidrada, o azulejo, importante para a cultura portuguesa, enaltece-se na vida das nossas cidades, não apenas pela permanência do seu uso ou por proteger e decorar tantos edifícios, mas também por ser uma arte decorativa tão subjacente à sua história.
Na intenção de uma preservação urgente partilho e enalteço por estas linhas, o projecto SOS Azulejo, uma iniciativa do Museu de Polícia Judiciária do Instituto Superior de Polícia Judiciária e Ciências Criminais. Com parceria do Instituto Politécnico de Tomar, do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, a Associação Nacional de Municípios Portugueses, da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública, a mesma serve para combater o modo crescente e preocupante pelos furtos e vandalismos na grave delapidação do património azulejar português.
Para preservação das nossas cidades, fica o alerta.
coluna publicada a 17 de Março no Meia Hora

les mauvais garçons

14 março 2008

Descobrir l para o Pai que sabe sempre o que quer


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12 março 2008

1975 - 2008

125 azul


livres,
controem-se palavras
e edificam-se futuros
que não precisam de nome.

10 março 2008

O Senso e a Cidade l o segundo sonho


(Lisboa vista do Jardim Botânico)
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Se já partilhei por estas linhas o meu desejo de ver ainda em vida, o Terreiro do Paço como ele merece, partilho o segundo sonho de poder ir do Príncipe Real até à Avenida da Liberdade atravessando a exuberância do Jardim Botânico.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e o vereador do Urbanismo, Planeamento e Reabilitação Urbana, Manuel Salgado, anunciaram na passada semana os cinco primeiros classificados e respectivas propostas do Concurso de Ideias para a reabilitação do quarteirão de 15 hectares que engloba o Parque Mayer, a Praça da Alegria, o Jardim Botânico e os edifícios da antiga Escola Politécnica e zona envolvente.
As propostas de Aires Mateus e Associados em primeiro lugar, e os seguintes ARX Portugal Arquitectos, Vão Arquitectos Associados, Eduardo Souto Moura e Gonçalo Byrne Arquitectos foram as seleccionadas pela entrega dentro do prazo, além do bom pensamento ecológico, animação sociocultural e de qualidade arquitectónica, entre os 27 projectos apresentados ao concurso aberto pela CML em Novembro de 2007.
O atelier de Aires Mateus além de bibliotecas e livrarias especializadas em artes plásticas, audiovisuais e artes de palco, propôs ainda residências para artistas, escolas alternativas e espaços de exposição. O plano idealiza ainda a revitalização do museu da Faculdade de Ciências, bem como de vários percursos pedonais.
Sendo este um projecto bastante apetecível não vejo a hora de rasgar a cidade pelo jardim, tão desconhecido por tantos lisboetas e tão desejado pelos turistas que se perdem ao querer ter o mesmo sonho que eu.
coluna publicada a 7 de Março no Meia Hora

07 março 2008

Descobrir l para além do óbvio


nota vinte ao novo site da Jameson que está lindo.
agora já pode também Descobrir Lisboa e outras cidades portuguesas aqui.

Descobrir l no rasto da Cinderela


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02 março 2008

O Senso e a Cidade l na ideia de mundo


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Confesso que há uns anos que estou viciada na ideia de mundo e por isso gosto de me sentir estrangeira na minha própria cidade. Palmilhando a calçada portuguesa e as esquinas de Lisboa como se fosse sempre a primeira vez, registo-a por breves instantes como fazia quando habitava em terras da Batávia ou de Helena.
Perante a curiosidade de outros lugares desconhecidos lembro-me sempre da célebre frase de Almada Negreiros, que ao entrar numa livraria e depois de contar os livros presentes apercebia-se que não viveria anos suficientes para metade da livraria. No final verbalizava que deveria haver certamente outras maneiras de se salvar uma pessoa, senão estaria perdido.
Com um gosto especial em conhecer os viajantes da capital, descobri há dias pela mão de um nómada português, o Couch Surfing. Lançado em 2003, nos Estados Unidos da América, por Casey Fenton e com a participação de 450 mil participantes tem o lema: participate in creating a better world, one couch at a time.
Muito mais do que um simples sistema de partilha de sofás e de poupança na estadia das viagens, acontece um intercâmbio de culturas e de experiências que nos deixa com certeza mais sábios e humanos. O sistema partilha testemunhos para ser seguro e tem nos participantes pessoas de todas as nacionalidades e feitios. Continuando o lema do projecto: we strive to make a better world by opening our homes, our hearts, and our lives.
No fim de contas há que ter abertura de espírito e ser curioso suficiente para conhecer não apenas os lugares, mas as pessoas, o património mais importante do mundo.
coluna publicada a 3 de Março no Meia Hora