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28 julho 2010

GQ l pelas ruas da cidade



E Madrid aqui tão perto
António Requeni, Virginia Woolf, José Ángel Valente, Cui Xingzong, Juan Rulfo, Júlio Cortazar ou Michel de Montaigne. Com a mesma transversalidade viajante das palavras de escritores espanhóis, franceses, ingleses ou argentinos, param neste hotel da avenida de excelência de Madrid, muitos outros viajantes do mundo. Mais do que um cartão-de-visita de uma das capitais mais animadas da Europa, este hotel do grupo Habitat edificou-se na reconstrução de um edifício de 1917 originando uma morada obrigatória, não apenas para dormir ou sonhar, mas para viver uns dos mais famosos drinks after business da ‘la movida’. O hotel transpira lindíssimos ferros forjados, o mobiliário é contemporâneo e no bar com montras grandes existem cadeiras de baloiço da Eames, cor de fogo. Por estar na zona dos teatros o De Las Letras é uma morada que abraça a cultura da cidade, a arte e a literatura e na hora do descanso há ainda direito a dormir com o abraço dos poemas de Pablo Neruda. Para continuar a testemunhar bom urbanismo na cidade, não perca o Mercado de San Miguel – e aqui imagino que bom seria fazer o mesmo do Mercado da Ribeira - um antigo mercado transformado numa das moradas mais vivas da cidade, onde as antigas bancas do peixe e das hortaliças dão espaço a bancas de ‘tapas’. O bom gosto lembra-me o que a Catarina Portas tem feito por cá e na experiência onde até há espaço para uma livraria, há ainda tempo para uma banca onde nos estendemos além fronteiras, com a possibilidade de beber um café do nosso Sr. Nabeiro ou as estrondosas bolachas portuguesas da Casa Fina.
De Las Letras
Gran Via, 11 Madrid
Tel. 21 390 71 70
www.atmospherehotels.pt
A partir de €113

A cidade contagiante
A beleza serena do Hospes Madrid ocupa um edifício de 1883 e acolhe como vizinho um dos restaurantes mais desejados da energia desta cidade, o Ramsés, um restaurante com a assinatura de Philipe Starck. Como ponto de partida para a aclamada vibração madrilena, nesta morada há sorrisos escondidos e uma localização fora de série. O descanso no coração da cidade merece a sublimação das cores suaves com as madeiras antigas e momentos rasgados pelo mobiliário contemporâneo. Os quartos são enormes e fui surpreendida pelos ‘amenities’ da marca grega da Korres, que tanto usei nos meus dias vividos em terras de Helena. Na senda das cores suaves há ainda um Spa e um terraço onde corre a brisa mais fresca dos fins de tarde, ideal para uma bebida antes da noite cair. Na partilha das minhas sugestões não deixe de provar as ‘tapas’ Juana La Loca em frente à igreja da Latina, ou de jantar no bonito, bom e barato Bazar na Calle Libertat, uma das melhores experiências que tive nesta cidade. Se lhe pedirem dez minutos de espera aproveite e beba uma ‘caña’ e uma ‘croqueta’ no Bocaíto, um balcão obrigatório dos petiscos madrilenos. Para uma experiência mais sofisticada não perca o exuberante restaurante Le Marquis, ou o recente espaço do grupo Tragaluz, o restaurante Bar Tomate, o mais novo e desejado spot da cidade.
Hospes Madrid
Plaza de la Independencia, 3 Madrid
Tel. 21 390 71 70
www.atmospherehotels.pt
A partir de € 150

Os melhores que alguma vez provei
A moda pegou e está para durar. Depois da Tease ou da Cupcakes Bazar em Lisboa rendi-me ao ‘cupcake’ de cenoura biológica e ‘dolce de leche’ que provei nesta cafetaria em Malazaña. Além dos badalados bolos há ainda cachorros quentes, batidos frescos e para quem gosta a rara coca-cola de baunilha. Mas a nota mais alta vai para a genialidade do espaço uma autêntica viagem no tempo onde as fardas e os detalhes remontam aos anos cinquenta, com tanto sucesso que as filas de espera acompanham as curvas de uma das ruas mais sexys da cidade movida.
Happy Day Bakery Coffee
Calle Espiritu Santo, 11 Madrid
Tel. +34 667 201 169

GQ l ainda em terras árabes



Armani, um hotel do mundo
Conhecendo as minhas gavetas mais líricas e o crescente abraço a um estilo de vida mais orgânico, muitos foram os que me perguntaram sobre a minha visita ao Dubai. Mesmo sem a causa que me transportou aos Emirados Árabes Unidos - a de escrever sobre o novo hotel Armani - a resposta foi simples: ‘tomar conhecimento do mundo’. As viagens enaltecem a nossa erudição e a nossa extensão de universo por isso é sempre abençoada, qualquer que seja a partida do aeroporto da Portela. Por mais que não tenha sentido a a mais pura energia vital, não posso negar a visão da família Maktoum e capacidades do Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum - o Primeiro-Ministro e Vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos. Concordâncias culturais, sonhos de betão e trabalhadores do mundo inteiro bem ou mal pagos à parte, a mais alta torre do mundo, onde habita o hotel Armani Dubai foi inspiradas numa flor do deserto, a Hymenocallis que transpira tanta elegância como o primeiro hotel do designer italiano. Inovação em hospitalidade, design, estética e estilo são os ingredientes do hotel mais desejado do Dubai, o primeiro de uma rede que se irá estender já em 2011 a Milão, Marrocos e Egipto. E dizia-me um viajante português que se rendeu ao mundo árabe, na tarefa de construir aeroportos, que no Dubai tomamos a consciência de que o mundo é pequeno. A menção homenageia as muitas nacionalidades que habitam a cidade e que testemunho enquanto percorro o hotel, as quais não enuncio para poupar as linhas deste texto. 701 viajantes do mundo, com vestes esvoaçantes negras, cor de bronze ou marfim, servem 160 quartos e suites, fazendo da hospitalidade do hotel um cartão de visita de luxo. Além de uma hospitalidade fora de série onde a recepção é substituída por um ‘lifestyle manager’ pessoal, testemunhei um hotel com tecnologia de ponta em tons suaves e elegantes, o qual tenho a certeza será uma referência da história hotelaria dos próximos anos.
Armani Hotel Dubai
Tel. +971 4 303 4222
www.armanihotels.com
A partir de €375

Mediterrâneo
Como um elogio à palavra descrição, o primeiro hotel Armani é uma referência de convívio para os emiratis ou estrangeiros que vivem na terra dourada. Além do clube nocturno Armani Privé, o Armani Spa, o bar Armani Lounge com vista para a fonte do Dubai, a boutique de acessórios de alta-costura exclusivos Armani Galleria, a loja com selecção de doces e chocolates Armani Dolci e uma boutique com arranjos de flores frescas a Armani Fiori, há ainda uma família de restaurantes para todos os gostos. O restaurante indiano Amal, o japonês Hashi e o Peck complementam as duas grandes estrelas do hotel, o Mediterrâneo e o Armani Ristorante. O Mediterrâneo tem o privilégio de ter como chefe e subchefe os portugueses Pedro Baroso e Jorge Costa, ambos vindos do Hotel da Penha Longa, restaurante também responsável pelo pequeno-almoço mais bonito que alguma vez vi. Linhas direitas, minimalismo, frascos transparentes de vidro rectilíneos, muitos produtos orgânicos, pastelaria e padaria caseira e de extraordinária qualidade juntam-se à bebida de boas vindas, um sumo de manga, laranja e gengibre e os pedidos à carta, como as panquecas ou os melhores e mais bonitos ovos ‘Benedict’ que alguma vez provei.

Armani Ristorante
O restaurante de assinatura, o Armani Ristorante é uma experiência que vale as horas de avião para chegar à cidade que abraça as águas arábicas. O chefe Alessandro Salvatico e o chefe de sala Lorenzo transpiram charme italiano, no meio de uma equipa de empregados que mais parece saído de uma passagem de modelos. Com grandes janelas e mesas circulares fui surpreendida por um menu degustação, o ponto alto da minha experiência Armani. Ravioli de carne assada e molho de trufas, ‘Burratina’ de queijo com legumes e manjericão, Risoto de açafrão com osso buco, Robalo com ‘caponata’ tradicional sicilana e azeite balsâmico. Para meu espanto - e confesso que seria difícil surpreenderem-me já que a qualidade da prova tinha já alcançado o céu - uma sobremesa que se apresentava quase como uma pérola gigante, conseguida por uma massa de açúcar soprada com a mesma técnica do sopro do vidro. Divinamente recheada e baptizada de ‘Baverese recheada de creme de baunilha, violetas e sorvete de cassis’, justifica a arrojada folha de ouro como cereja no fim do bolo.
Armani Hotel Dubai
Tel. +971 4 303 4222
www.armanihotels.com
Pequenos-almoços partir de €30
Almoços e Jantares a partir €40

O Dubai em formas árabes
O hotel The Palace Old Town vale as cinco estrelas que o categorizam. Além de ser um dos mais charmosos hotéis do Dubai, é uma celebração perfeita do estilo árabe nos Emirados Árabes Unidos. O carisma do Spa e o sucesso do restaurante Asado que faz as delícias dos locais tem um pequeno-almoço transversal que eleva as culturas que constroem esta cidade. Além do pequeno-almoço continental, com direito a muesli orgânico sem glúten (nunca tinha visto em nenhum hotel do mundo) as especialidades árabes desdobram-se na descoberta dos sabores do Queijo Sambousek, a Sopa de lentilhas castanhas, o Cordeiro Kibleeh, variados doces árabes ou o delicioso pudim de pão A experiência é elevada quando ousamos experimentar a Masala ou a Paratha indiana, um género de panqueca de massa de arroz recheada com os condimentos escolhidos no momento. O Bolo de tâmara faz e o mel retirado directamente da colmeia fazem acontecer uma das moradas mais movimentadas do centro da cidade.
The Palace Old Town
Emaar Boulevard, The Old Town Island, Downtown, Dubai
Tel. +971 4 4287888
www.theaddress.com

O japonês do mundo
Conhecido como um dos melhores e mais bonitos japoneses do mundo, o Zuma nasceu em Londres pela ideia do alemão Rainer Becker e hoje marca também presença na cidade de Hong Kong, Istambul, Miami e Dubai. Volto a confirmar a irreverência do japonês que alia à tradição e sem medo muitos sabores ousados. As especialidades passam pela entrada ‘Ika no kari kari age’, um prato de crocantes lulas fritas com pimenta e lima, Sushi e Sashimi variados, com leves toques de cozinha do mundo, os famosos pratos de assinatura, para finalizar sempre com a selecção de doces Zuma, uma taça de madeira coberta de gelo e com pequenas sobremesas que atravessam os sabores do bolo de chocolate derretido, o doce de banana ou o sorvete de framboesa. Com a informação de que o Zuma querer estender-se à Europa, não me despedi sem deixar a provocação de que seria bem-vindo ao espaço do antigo Vírgula, um dos mais privilegiados espaços da restauração, à beira do nosso Tejo.
Zuma
Gate Village, 6 Dubai
Tel. +971 4 425 5660
www.zumarestaurante.com
A partir de €50

26 julho 2010

gelatatui


para ter o privilégio de entrar no laboratório (sim, de fábrica nada tem) do Santini faço quase tudo. inclusivamente levantar-me antes das sete da manhã, para vestir o belo modelinho, num dia em que nem a brisa salva o andar atlântico.

brevemente numa das minhas páginas sobre a cidade.

22 julho 2010

a palavra liberdade

apanhei isto numa navegação matinal e acho importante partilhar. também já dei para este peditório e aprendi que sem medo de sermos donos do nosso tempo, o ouro vem sempre. hoje vivo segundo alguns 'no limbo da insegurança' (?) e fico triste pelos que não percebem que o melhor contrato que se pode ter é o nosso empenho e qualidade. não me sacrifico por subsídios de férias, nem prisões das nove às sete e isso não tem qualquer preço na qualidade da minha vida. sorte porque a vida me tem corrido bem? eu prefiro chamar-lhe trabalho e confiança. a verdade é que não ambiciono um BMW, não tenho nada contra as escolas C+S's, o Belmiro destruiu o comércio das ruas da cidade e quanto aos 300 m2 chegam-me os 95, mas não dispenso a vista sobre o Tejo. no final de tudo haja saúde, o mais importante. :-)

21 julho 2010

pessoas e palavras



vá, não vale a pena trabalhar tanto. largue tudo e corra que ainda tem cinco minutos para ouvir Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Castro Alves, Sophia de Mello Breyner,Vinicius de Moraes, João Guimarães Rosa, Amália Rodrigues, poetas africanos, Manuel Bandeira, Padre António Vieira, Clarice Lispector ou Mário de Andrade entre outros na voz de Maria Bethânia. Sim leu bem. Maria Bethânia.

começa às 17h30, a entrada é livre, no limite dos lugares disponíveis. mais aqui.
se não conseguir ir compense aqui.

17 julho 2010

'elas'



'Consideram agora vossas excelências que a ordenação de mulheres é uma das ofensas mais graves e que merece excomunhão. No documento enviado a todos os bispos, incluem a mulher ordenada na mesma lista de crimes do padre pedófilo. Ter uma vagina enquanto se dá missa torna-se tão condenável como violentar crianças. Bem sabemos que vossas excelências embirraram com a mulher desde o início – a costeleta do macho, a mordedora de fruta com o bicho da curiosidade, a instigadora da desgraça masculina. Daí em diante a mulher ou é santa ou é para a fogueira. Esse vosso medinho das fêmeas, essa repressão nas virilhas, essa pulsão para controlar e proibir, tudo isso corrompe mais que um trio debochado numa cama de água. Vossas excelências deveriam sair mais de casa. Conheçam mulheres, falem com elas, observem como os gestos prosaicos se tornam imensos na beleza e na bondade. Olhem para o cabelo de morango ruivo da Rita Hayworth, para a graciosidade de um pulso, para as mãos das vossas mães que, embora amachucadas pela velhice, são ainda a vossa casa. Oiçam a viciosa Billie Holiday, cobicem o sorriso menor de idade de Mariel Hemingway no filme “Manhattan”, admirem a mulher que passa na rua com espanto e gratidão, jamais com pedras, com baba ou amargura. Esqueçam os medos, a mordaça e o bairro de nuvens celestiais e vida eterna, porque aquilo que teremos de mais próximo do paraíso está numa só frase, numa mecha de cabelo, num ataque de cócegas, no lençol branco lançado sobre a cama, no mais importante mistério da fé: elas'.

'uma carta ao Vaticano' de Hugo Gonçalves para o jornal i. mais aqui.

invictus


out of the night that covers me,
black as the pit from pole to pole,
i thank whatever gods may be
for my unconquerable soul.

in the fell clutch of circumstance
i have not winced nor cried aloud.
under the bludgeonings of chance
my head is bloody, but unbowed.

beyond this place of wrath and tears
looms but the horror of the shade,
and yet the menace of the years
finds, and shall find, me unafraid.

it matters not how strait the gate,
how charged with punishments the scroll.
i am the master of my fate:
i am the captain of my soul.

14 julho 2010

o sonho das cerejas


'sabem uma coisa?
deste-nos florestas enormes, campos infinitos, horizontes sem fim,
e por isso tudo, nós, vivendo aqui,

devíamos ser autênticos gigantes'

07 julho 2010

A cidade na ponta dos dedos l A cidade a céu aberto


clique na imagem ou se é assinante aqui.

A nova esplanada da Bica do Sapato, uma homenagem à natureza no coração de Santos-o-Velho e uma bebida que promete revolucionar as hormonas da cidade em tempo de verão.

publicado a 3 de Julho na Revista Única do Expresso.

na senda do deserto

para quem acompanha este blog já sabe que não gostei, não gosto e jamais gostarei do Dubai. Se por um lado admiro a capacidade de concretização da família Al Maktoum não posso deixar de achar que o que acontece por lá é a antítese do que eu acho ser a nossa vida na terra: uma fusão com a natureza. de qualquer maneira, viajar serve para estendermos a nossa erudição e conhecimento. não tem de ser a viagem da nossa vida. sobre o hotel Armani, que me levou aos Emirados Árabes Unidos, a certeza de que será uma grande referência da hotelaria mundial. aqui fica o testemunho escrito para a revista Fora de Série do Diário Económico.



Viajar para terras de areia transporta-me sempre para o ‘Chá do Deserto’ de Bernardo Bertolucci. A imensidão do silêncio, os desenhos construídos pelo movimento da terra ou as cores quentes que me enaltecem os sentidos levaram-me ao deserto, com a certeza de que não assinaria por baixo o diálogo de Debra Winger e John Malkovich, com Campbell Scott. No destino da viagem às areias da Arábia, o encontro com o primeiro hotel Armani, situado no Burj Khalifa, o mais alto edifício do mundo. O Hotel Armani Dubai - o primeiro de uma rede que se quer estender em 2011 a Milão, Egipto e Marrocos - foi desenhado pelo Skidmore, Owings, & Merrill, os mesmos que desenharam as Sears Tower em Chicago e a Freedom Tower em Nova Iorque. Inspirado numa flor do deserto, a Hymenocallis, o Burj Khalifa que ultrapassou o edifício Taipei 101, tem uma altura de 828 metros, possíveis de serem percorridos pelo elevador mais rápido do mundo, a 18 m/s (65 km/h, 40 mph), sem qualquer sensação de movimento durante a viagem.

‘Stay with Armani’
Inovação em hospitalidade, design, estética e estilo são os lemas do conceito ‘Stay with Armani’, que acompanha toda a imagem do hotel, com morada nos primeiros oito pisos, assim como no trigésimo oitavo e nono andares do Burj Kalhifa. A segurança é garantida pela paragem de qualquer carro ou peão que faça o percurso que separa as ruas da cidade, da entrada do hotel. Abrem a porta do carro dois homens vestidos com calças e camisolas pretas que pelos cânones de beleza, parecem saídos de um catálogo de Giorgio Armani. Seguem-se mais dois para abrir as portas de entrada e impressiono-me com a elegância do ‘lobby’. Antes de ter tempo para me dirigir a qualquer recepção, sou surpreendida pela simpatia de uma recepcionista, vestida de Armani (todas as fardas foram desenhadas pelo designer italiano) que me pede para aguardar num dos sofás estofados a seda. Espero três minutos e enquanto olho para um dois balcões do lado direito e esquerdo, verifico que o conceito de recepção é inexistente, quando sou novamente cumprimentada, desta vez pela minha ‘lifestyle manager’, a Anne, uma francesa que me leva directa para uma suite no sétimo andar. Apercebo-me do conceito instituído pelo ‘Mr. Armani’, como lhe chamam as muitas nacionalidades que trabalham neste hotel. A minha suite é a número 725 e além de duas casas de banho, um quarto, uma sala e ainda um terraço onde posso dar festas privadas. Numa das mesas da sala esperam-me flores e morangos frescos com opção de os provar com açúcar em forma de neve ou natas batidas que parecem veludo. A Anne explica o conceito de ‘lifestyle manager’ - que tem como intenção um serviço mais personalizado e próximo do cliente - enquanto me ensina todas as funções de um comando que exibe o logotipo Armani. Será a partir deste comando que farei quase tudo dentro da suite: abrir e fechar as cortinas, fechar e acender luzes ou carregar num botão para o ‘lifestyle manager’ vir ao quarto ou ligar-me de volta. O quarto exibe cores que se estendem ao chocolate dos armários, ao bronze das sedas usadas nas paredes forradas a tecido, nos estofos e cortinas até à cor de areia que impera o ambiente das casas de banho. Tudo é sóbrio, tudo é muito simples e elegante. Na casa de banho reparo nos cotonetes invulgarmente negros serem mais compridos do que o normal e na forma do sabonete, uma pedra cor de fogo que nos transporta ao fundo do mar. Diferente do habitual, todo o serviço de bar - bebidas, aperitivos e chocolates Armani - é para o cliente usufruir sem qualquer custo. As bebidas alcoólicas são apenas possíveis por ‘room service’, altamente compensado com vários tipos de água como a norueguesa Voss ou a qualidade dos sumos biológicos. Há ainda Nespresso e chá à descrição e chocolates onde impera a marca Armani.

Setecentos e um empregados para cento e sessenta quartos
Mais de quatro empregados por quarto estendem-se por nacionalidades que atravessam países como Suécia, Itália, Índia, Bangladesh, Egipto, França ou Paquistão entre tantos outros. Nas áreas comuns destaca-se o Armani Lounge com vista para a aclamada fonte do Dubai, ideal para um aperitivo ou ‘drink after business’ sempre servido por empregadas elegantes, que se movem com um vestido que facilmente usaria num cocktail em Portugal. O mesmo acontece na elegância dos vestidos de modelo quimono das discretas e também bonitas empregadas de limpeza, sempre presentes já que os Emiratis são obcecados pelo brilho. (pode-se ver às seis da manhã homens a limpar os carris do metro com a mesma facilidade que confirmamos os setenta por cento de humidade do ar). Neste piso térreo há ainda a Armani Galleria, uma boutique de acessórios de alta-costura exclusivos, a Armani Dolci, uma loja com selecção de doces e chocolates e a Armani Fiori, uma boutique floral com arranjos de flores frescas pensados por Giorgio Armani.

Os olhos também comem
Com a certeza que foi o ‘buffet’ de pequeno-almoço mais bonito que alguma vez experienciei, os produtos são de extraordinária qualidade e toda a padaria e pastelaria (aspecto fora de série e continuamente reposta, por uma sombra da equipa Armani) é feita dentro de portas. O restaurante ‘Mediterraneo’ onde também são servidos os pequenos-almoços têm assinatura portuguesa, pelo talento de Pedro Baroso e Jorge Costa, chefe e subchefe (ambos ex-Penha Longa) que fazem as honras da casa e confirmam o charme lusitano além fronteiras, enquanto cumprimentam alguns clientes habituais. Empregados de calças esvoaçantes cor de estanho trazem como bebida de boas vindas, um delicioso sumo de manga laranja e gengibre, chá ou café e ainda um tabuleiro cromado, com torradas acabadas de fazer protegidas por um pano de linho. No objectivo de comer tudo o mais fresco possível, estrondosos ovos ‘Benedict’ ou panquecas com doce acabadas de fazer, pedem-se à carta.
Do outro lado do Armani Lounge está o Armani Ristorante a comando do carismático italiano Alessandro Salvatico. Com grandes janelas e mesas circulares, foi a melhor refeição que fiz no Dubai com nota vinte para a sobremesa, ‘Baverese alla vanilla, crema alle viole, sorbetto al cassis’ talvez a mais bonita e melhor que alguma vez provei na minha vida. O restaurante indiano Amal, o japonês Hashi e o Peck complementam a oferta de restauração do hotel. Há ainda espaço para um Spa e para o club Armani Privé, uma discoteca aberta até às três da manhã e com entrada directa a partir do exterior, onde emiratis e estrangeiros gozam momentos de libertação através da música e o maior ecrã do mundo, alguma vez colocado num local nocturno.

Na profundidade de uma cidade construída sobre as areias do deserto, a cumplicidade do olhar dos que constroem esta cidade é retida nos sorrisos de povos simples que contrastam com o que as inimagináveis ambições do homem. Na beleza da simplicidade e sem qualquer dúvida que a nova aposta de Giorgio Armani será uma referência de qualidade extraordinária na hotelaria mundial, retenho ainda nesta experiência arábica, as palavras do poeta José Tolentino Mendonça, que tanto me acompanhou nestes dias de visita ao Dubai. ‘Perdemos repentinamente, a profundidade dos campos, os enigmas singulares, a claridade que juramos conservar, mas levamos anos a esquecer alguém que apenas nos olhou’.
Armani Hotel Dubai
Tel. +971 4 303 4222
www.armanihotels.com
A partir de €375

Na pureza da experiência arábica
A quarenta e cinco minutos da cidade, situado nos duzentos e vinte e cinco quilómetros da Reserva do Deserto do Dubai, o Al Maha Desert Resort & Spa é uma fuga privilegiada na fusão com a natureza. O paraíso pertence ao ‘The Leading Smal Hotels of the World’, com morada num antigo campo Beduíno foi galardoado com inúmeros prémios internacionais, incluindo o importante National Geographic Traveller & Conservation International. As suites espaçadas umas das outras com piscina privada e com vista para as dunas ou para as montanhas Hajar, parecem tendas montadas num oásis do deserto e permitem a observação de mais de trinta e três mamíferos e répteis e mais de cem espécies de pássaros. Todas as refeições são feitas dentro de portas, as quais podem ser feitas no restaurante‘Al Diwwaan’, no ‘deck’ privado das suites ou no meio na beleza das dunas se o calor permitir. A bênção deste oásis estende-se ainda as caminhadas no deserto, passeios a cavalo ou de camelo, observação de falcões, ou a uma revigorante aula de ioga ao nascer do Sol.
Al Maha Desert Resort & Spa
Tel. +971 4 303 4222
www.emirateshotelsresorts.com/al-maha
A partir de €650

Não deixe o Dubai sem observar os locais no Dubai Mall, sentado no restaurante Switch decorado pelo designer egípcio Karim Rashid, visitar a zona de Deira através de abras (pequenos barcos que os passageiros usam para atravessar o estuário de Dubai, entre as estações abra em Bastakiya e Baniyas Road), jantar no restaurante argentino do The Palace Old Town ou no internacionalmente conhecido japonês Zuma uma das moradas mais emocionantes da restauração do Dubai. Os melhores meses para não apanhar temperaturas elevadas são de Outubro a Abril.

05 julho 2010

PersonalTime Newsletter | Julho 2010



Num mês em que José Saramago parte do nosso mundo retenho as suas palavras, quando dizia que o seu empenho está em não separar o escritor da pessoa que era. Com a partilha de uma das suas grandes mensagens, na última página desta newseltter de Julho estendemo-nos ainda na margem do Tejo com a nova esplanada de um dos cartões-de-visita da cidade. Ainda, todos os seus desejos em tempos de praia, uma linha de cosméticos que homenageia a natureza, uma viagem mais perto do céu ou o testemunho intenso em tempos de verão de um chefe viajante. Uma agenda que retém o concerto de Maria Bethânia no Cascais CoolJazzFest e ainda uma viagem que promete sonhos no maior edifício do mundo.

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01 julho 2010

o anjo mudo



percorro-a há anos, como se esperasse não sei bem o quê - como se nessa espera, um dia acabasse por se me relevar uma outra cidade, ou um outro rosto se me incendiasse nos dedos, ou uma ruela apercebida ao fundo de um sonho se chamasse Travessa da Espera, ou uma paixão qualquer, ali ao Príncipe Real.