29 junho 2009
28 junho 2009
27 junho 2009
"conteggio diminuente" V
não fique nem com saudades nem com remorsos.
destruir é melhor que criar,
quando não se criam as poucas coisas necessárias.
hoje é um dia importante para si.
é melhor deixar cair tudo e espalhar o sal,
como faziam os antigos para purificar os campos de batalha.
"conteggio diminuente" IV
não colocando a cena final do Bianca, que cobre o meu fascínio pelos viajantes da cidade, agradeço a sugestão da Catarina.
Michele: Porque vieste?
Bianca: Não devia?
(...)
Bianca: morango, limão, amêndoa e nata.
Michele: não ligam bem juntos.
Bianca: eu acho que sim. já provaste?
Michele: não.
Bianca: então como é que sabes?
Michele: não preciso provar para saber se as coisas ligam bem ou não. pode-se prever e assim… não se cometem erros.
Bianca : experimenta em vez de falares.
26 junho 2009
Descobrir l ao longo da muralha
clique na imagem ou aqui páginas 12 e 13.
É ao longo da muralha que habito, que me escondo nas palavras. Nas palavras, nos poemas que me devolvem a beleza entre os sons e os sentidos. Chego de mãos vazias, e com a pele dourada tento recolher o fugitivo ouro dos dias. Escrevo no muro me acompanha a frase de Gabriel Celaya, a poesia é uma arma carregada de futuro.
As promessas esperam por mim, frágeis, acesas e as palavras de hoje, partilho-as na estação do cio, como um segredo. O mais puro.
O mapa do amor
O Futuro é sempre próximo. Da ponte sobre o Tejo vejo que a sofreguidão pela frescura do mar flui sem espera, mas não hesito: a selecção de António Pinto Ribeiro merece que a brisa do mais vivo jardim da cidade, me roube um mergulho no Atlântico. Ao longo de 80 metros, os poderosos jardins da Fundação Gulbenkian erguem-me à visão da refulgente poesia. A iniciativa do programa Próximo Futuro que se dedica às novas gerações criativas da Europa, América Latina (e Caraíbas) e África, deita-me num dos almofadões de cores rasgantes que se espalham pelo percurso. Por instantes oiço as estrelas a dizerem tsau, e recomponho o mapa do amor, nos corpos desconsagrados. Deixo-me reconquistar pelas árvores de Manuel de Barros, rendo-me à doçura da vida de Sophia. E porque estamos na estação do cio, deixo-me atravessar o limiar de olhos fechados. Hoje a cidade está aqui para mim.
Acende-te poesia
Lisboa invade-se pelo silêncio. O silêncio das palavras eloquentes, no sentido de promover novas tendências artísticas e urbanas. Tornando ainda mais cúmplices a música e as sentenças, dos debates, das conferências e das leituras encenadas do Festival do Silêncio, reflicto o audio-livro. Desde que me elevo a ouvir o “queria de ti um país” de Mário Cesariny no cd da Assírio “os poetas, entre nós e as palavras” não questiono a distância das aromáticas e sublinháveis páginas dos amigos puros. Substituir a vastidão palpável do meu “Anjo Mudo” de Al Berto num mp3, não estará nos meus planos mais próximos. Mas porque me rendi ainda mais a Cesariny com o testemunho da Autografia – obrigada Miguel Gonçalves Mendes – tenho já biblioteca atlântica os 34 poemas gravados por Vasco Pimentel, lançado na passada sexta-feira no Goethe Institut. Também a não perder esta sexta, na caixa de música mais poderosa de Lisboa, o Concurso Poetry Slam. Uma tendência das mais excêntricas capitais do mundo, onde em três minutos de palco, os mais destemidos poetas da cidade declamam as suas poesias mais acesas.
Na mais límpida realidade do tempo
Usada também para concertos, o edifício mais antigo de Amesterdão - Oude Kerk – mostrava-me sempre a inauguração da fundação fotográfica holandesa fundada em 1955. Num edifício igualmente admirável e à beira do nosso Tejo, a 52ª edição do World Press Photo mostra-se em Lisboa, no Museu da Electricidade. A minha partilha nestas páginas – e opto por não partilhar as imagens violentas - elege as mais sublimes congelações: “Model” do italiano Giulio Di Sturco, “The Raw File” da americana Brenda Ann Kenneally, e “Noor for Positive Lives” do espanhol Pep Bonet. Muito mais que qualquer locução, uma exposição que me envolve e resgata à mais límpida realidade do tempo.
24 junho 2009
"conteggio diminuente" III
Morre lentamente quem não viaja,
Morre lentamente quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar. Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
P.N.
chorai, chorai poetas do meu país
mais aqui e aqui
22 junho 2009
21 junho 2009
19 junho 2009
Descobrir l quando a cidade tem sentido
18 junho 2009
amor cachorro
quando admiro de longe,
tenho sempre receio de chegar mais perto.
mas numa das esplanadas mais douradas da cidade,
e com o poder fulgurante das palavras
confirmo a beleza,
a genialidade.
do Jordi,
quase tudo aqui.
17 junho 2009
num feixe de luz
É como uma pele especial que escrevo sobre Amesterdão. Com morada nesta pequena grande cidade durante três anos, partilho com conhecimento de causa a genuína energia da capital holandesa. Longe das atracções mais básicas dos coffe shops ou do red light district está uma cidade consistente. Detentora de muitos dos melhores arquitectos do mundo e com um planeamento urbano notável a preservação de Amesterdão é um exemplo de cidade. Fruto duma herança calvinista, o rigor e o orgulho andam sempre de braços dados a um prático e conciso sentido de vida. Mas Amesterdão, mais do que uma romântica cidade de canais e casas intocáveis é uma cidade de constastes, não fosse um dos países mais criativos da Europa do Norte. Habituados a construir a sua morada aliada a um sentido de mundo, reminiscente ao período das descobertas, Amesterdão divide-se num feixe de luz entre uma morada de holandeses e estrangeiros. Com uma estética perfeita, sempre entre o que já existe e o que se constrói de novo, a cidade estende-se ao som das bicicletas e a uma dinâmica que funciona sustentada na simplicidade. Janelas sem cortinas, casas repletas de livros, jantares à beira da magia que invade a noite nos canais, tornam singular a sua realidade sobre água. Se não tenho saudades de uma cidade onde o tempo não conquista nenhum coração latino, recordo com carinho a frontalidade de um povo transparente, o fim de tarde a patinar no Vondelpark, a excelência museológica, os passeios de bicicleta, as cores perfumadas que invadem Keuknoof em Abril, as livrarias e lojas criativas, as incontornáveis sopas de tomate ou tartes de maçã do Café De Jaren, ou os ousados minutos de Sol que iluminavam a cidade. Sempre por momentos.
Lisbon Golden Guide, Junho 2009
expulsão
andava com peso na consciência de não acompanhar a transversalidade do que se passa à minha volta. depois de expulsar a televisão do andar atlântico, apareceu o twitter em meu auxílio: é o mesmo que enfiar o Rossio na Betesga. Tudo em proveito da minha sabedoria. Estou rendida.
16 junho 2009
15 junho 2009
14 junho 2009
cama algodão
12 junho 2009
o sagrado
acredita que se pode morrer de amor?
também se pode morrer de falta de amor.
é a única coisa que há para acreditar
os excertos são da Autobiografia de Miguel Gonçalves Mendes, sobre Mário Cesariny
(para quem ainda não viu: é obrigatório este enorme testemunho de beleza)
08 junho 2009
A cidade na ponta dos dedos l A cidade transportável
clique na imagem ou se é assinante aqui.
A permissão de um franchising de chocolates artesanais, uma loja irreverente que nos orgulha de viver em Lisboa e ainda a mais cúmplice mala da cidade, elege uma capital que se constrói cada vez mais solta e consistente.
publicado na Revista Única do Expresso, a 6 de Junho 2009
a verdade
Não quero ser derrotado, quero render-me.
Quando os corações velhos aprendem amores novos, o mundo recebe na cara cínica que tem, uma escarreta de esperança.
É bonito e corajoso, isto de amar outra vez.
Durante muito tempo pensei que o amor era um exercício de equilibrismo – bonito pelo desastre iminente, difícil por ser impossível o dar ser igual ao receber. Mudaram a minha ideia e a minha experiência. Não estou a aprender a amar de novo, estou a perceber outro amor. Desta vez não é dois contra o mundo, nem um a salvar o outro. Desta vez estou ligado, sem tratados e mesmo assim unido. Não estamos, somos juntos. E percebi agora que nenhum inglês poderia dizer assim este amor.
Já vos disse que sou Outro Romântico e que acredito que o amor se deve espalhar como manteiga. Ser um pinga-amor é mil vezes melhor do que ser um pinga-na-cueca. De que vale um amor guardado? O amor não vale mais por ser vintage, ou estar em mint condition. Ama tudo muito, ama tudo o que conseguires, sempre de peito escancarado. E isto é o que tenho vindo a perceber e a insistir em acreditar. Mas depois há o medo.
O medo de encontrar para voltar a perder. O medo de magoar e ser magoado. O medo de, mesmo juntos, nos sentirmos sozinhos. O medo de não querer a mesma coisa. O medo de descobrirmos que é tudo uma ilusão boa. As cicatrizes são como os elefantes, têm muito boa memória e ocupam demasiado espaço numa sala. Por isso é que uma das partes mais bonitas e determinantes de um amor novo é o showcase das cicatrizes (ou dos elefantes, como queiram). Mostrar ao outro onde e como fomos magoados, aproxima ou afasta. “Olha, este é o meu elefante gostava que o respeitasses e se conseguires, que o percebesses. Ele eventualmente há-de ir à sua vida. Obrigado.” Depois, é o vai-ou–racha.
Amar outra vez vale o esforço.
E é um esforço, não digam que não. Voltar a arranjar espaço e força, para deixar entrar alguém novo. Conseguir estar consciente para não repetir padrões antigos, aqueles responsáveis pela tua parte nos desastres anteriores. Controlares-te para não pedires demais nem dares de menos. Uma canseira. E isto tudo perde toda sua desgraçada importância quando um abraço sabe a casa e o cheiro do pescoço dela é inacreditavelmente familiar.
Primeiro amor há um, a partir daí os sonhos indoutrinados Disney já não fazem tanto sentido, pois não? Tem-se cuidado, demora até mais tempo a inventares um nome para o teu novo amor: não é logo o baptismo, aquela alcunha íntima não aparece com tanta facilidade e quando aparece não é tão cootchy como das outras vezes. Escaldados, não conseguimos ter tantas certezas. E aqui é que se dá o volte-face: Não sei, e estou confortável com isso. Não há necessidade de promessas nem de fantasias de para sempre. Não faço a mínima ideia para onde vamos, mas quero ir. Não sei e sinto-me bem.
Não tenho medo porque já aprendi que não se põem as fichas todas no mesmo número. A pessoa que amas não deve, nem consegue, ser ao mesmo tempo amiga, amante, confidente, terapeuta, colega, parceira de copos e inspiração – é perigoso para ti e extenuante para ela. Não tenho medo porque, desde que eu continue a sentir que ela está comigo porque quer estar comigo, está tudo bem. Não tenho medo porque o que estou a sentir, mesmo sem ter lógica nenhuma, faz todo o sentido. Não tenho medo porque tenho-vos falado das nossas invenções para sobreviver, tenho pensado nas minhas e nas nossas mentiras e agora sinto e sei que isto é verdade. Não tenho medo e não consigo parar de pensar nela.
Eu já era, mas agora estou apaixonado. Queria só que soubessem isso.
Quimpostor no blog do Lux
06 junho 2009
blue velvet
no limbo
e na redenção ao blinding light of love,
a persistência do outro lado da margem.
it's a very strange world.
no final,
05 junho 2009
Descobrir l Quando Lisboa se incendeia
clique na imagem ou aqui páginas 36 e 37.
Com a energia consistente de quem constrói a melhor meia hora do dia e numa alegria serena, de quem se surpreende todas as semanas por ver acontecer a minha Lisboa, não poderia deixar de partilhar a mais importante fábrica da cidade, o Lx Factory. Quem lá passou no open day sabe do que estou a falar. Lisboa acende-se perseverante nesta morada e, olhos nos olhos, testemunho um lugar onde me revejo na poesia de Herberto Helder: não há fogo sem incêndio. Porque é ainda tempo de conhecer outros lugares sagrados, ainda uma morada, onde o apaixonante T.S. Eliot um dia me segredou que os saborosos mares de silêncio jamais permitirão as crises do instante.
o redentor
agradeço e aceito,
sempre no abraço largo.
(obrigada R. pela partilha)
04 junho 2009
Personal Time 2 l Junho 2009
to dive
num sitio tão frágil como o mundo,
talvez pelo inconformismo
dos sorrisos tantas vezes negados
da terra que hoje habito,
pela linguagem dos poetas,
na imensidão de Pessoa,
ou nos incêndios de Herberto Helder,
quis o destino que eu tropeçasse
03 junho 2009
de vagar
02 junho 2009
chacun son cinéma
Abbas Kiarostami (os três minutos mais comoventes), Alejandro Gonzalez Iñarritu, Walter Salles, Roman Polanski e como não poderia deixar de ser o maior dos mestres, Wong Kar Way.
01 junho 2009
a cidade dança?
para quem se lembra da dança da T-Mobile na estação de Liverpool em Londres, aqui partilho a acção na nossa Praça Camões para comemorar os quatros anos do Hotel do Bairro Alto.
(não se esqueçam de reparar nas velhinhas gaiteiras).