No privilégio de escrever este
post de olhos fixos no Atlântico e pela quantidade de piscinas que hoje rasguei enquanto me fundi com o sublime poder da água, partilho hoje, a beleza de uma visão.
Quando conheci o
sonhador, num jantar de amigos, a intuição confirmou-me qualquer dúvida da chegada ao topo da montanha.
Pela luz, pela consistência, o sonhador movia-se ultrapassando a beleza exterior, com qualquer energia mais elevada, como quem sabe que um dia teria de se por a caminho. E lembro-me quando preparei uma entrevista sobre um estagiário de advocacia num dos melhores escritórios de Lisboa, com uma carreira promissora, aos olhos dos outros. Felizmente bastava-lhe apenas a palavra felicidade, ou o transcendente e irrecusável significado de uma vida abraçada à palavra inteira. Das dúvidas partilhadas lembro-me ainda das minhas palavras:
sem medo. Quando um ser humano tem a ousadia de ser feliz no trajecto, o resto (sim será sempre preciso pagar contas deliciosas no final do mês) vem sempre.
Falámos ainda algumas vezes a descobrir tentativas de artigos sobre o
taekwondo songahm, ou o que fosse, para não se aprisionar num caminho que não seria o da libertação. E lembro-me de absorver com acolhimento, os nove valores da arte marcial: a lealdade, a perseverança, a cortesia, o auto-controlo, a atitude, a honra, o respeito, as metas e a integridade (e aproveito para reviver a brutalidade
deste post). A resposta estava na arte:
"taekwondo" é uma arte marcial de origem Coreana que desenvolve as pessoas física e mentalmente e “songahm” significa templo em honra do pinheiro. Na Coreia, o pinheiro tem um simbolismo fortíssimo, representa a lealdade humana e a perseverança. A evolução do cinto branco ao cinto preto é metaforicamente comparada ao crescimento de um pinheiro ao longo de um dia, sendo que o cinto branco é uma semente plantada que começa a sua aprendizagem com a mente pura e limpa e o cinto preto representa o primeiro anoitecer do pinheiro já formado. Desses dias retive a frase final da entrevista: quando é para agir deve-se mover, quando é para estar quieto deve-se compreender a quietude, quando é para dar a mão deve-se ensinar. E depois, depois perdi-lhe o rasto.
E um dia desta semana, enquanto o trânsito me aprisionava a beleza dos dias e depois de um treino onde a superação dos meus limites aumenta ainda mais a destreza com que me proponho a alcançar os sonhos, atravessava as ruas da cidade. Cansada e pronta para entrar na máquina de lavar com a roupa que se colava à intensidadade da pele e perdida na espera das ruas, olhei para a esquerda e tive a visão: o sonhador estava à porta da sua academia, vestido a rigor, a ensinar dois dos seus alunos, duas crianças que cresciam enquanto os olhos enormes absorviam as palavras do professor, que era olhado como um herói. Congelei o momento.
por vezes basta um segundo de um olhar,
para perceber a grandiosidade do sonho.
mas quando o tocamos na visão mais pura,
a palavra vida
é honrada pelo seu significado.