20 outubro 2006
imensamente
subamos
subamos acima
subamos além, subamos
acima do além, subamos.
com a posse física dos braços
inelutavelmente galgaremos
o grande mar de estrelas
através de milênios de luz.
subamos.
como dois atletas
o rosto petrificado
no pálido sorriso do esforço
subamos acima
com a posse física dos braços
e os músculos desmesurados
na calma convulsa da ascensão.
acima
mais longe que tudo
além, mais longe que acima do além.
como dois acrobatas
subamos, lentíssimos
lá onde o infinito
de tão infinito
nem mais nome tem
subamos.
tensos
pela corda luminosa
que pende invisível
e cujos nós são astros
queimando nas mãos
subamos à tona
do grande mar de estrelas
onde dorme a noite
subamos.
tu e eu, herméticos
as nádegas duras
a carótida nodosa
na fibra do pescoço
os pés agudos em ponta.
como no espasmo.
e quando
lá, acima
além, mais longe que acima do além
adiante do véu de Betelgeuse
depois do país de Altair
sobre o cérebro de Deus
num último impulso
libertados do espírito
despojados da carne
nós nos possuiremos.
e morreremos
morreremos alto, imensamente
imensamente alto.
Vinicius de Morais, in os acrobatas
(obrigatório ver a representação
de Camila Morgado
no fime Vinicius
que estreia brevemente)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário