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29 setembro 2007

al femme


tant que tu me montres ta Lisbonne,
la ville partage les oportunitées.

26 setembro 2007

número um


Sabem aqueles dias em que nos prendem o carro logo pela amanhã, deixamos cair o telemóvel num chão de mármore, pingamos as calças brancas de molho de salada (quando temos a inauguração da Kiehl’s, no Chiado ao fim da tarde e já não vamos a casa) e ainda vamos à Pizzaria Casanova tirar uma fotografia, para um artigo sobre Lisboa e está um barco a tapar a vista do rio? Hoje foi um destes dias, mas já me formatei há algum tempo, para não dar confiança aos pequenos “desafios” da vida.
Não há o Tejo na fotografia, mas há chá frio com canela e a Time Out Lisboa número um para me acompanhar ao almoço. Não bastaram mais de dois minutos, para meio restaurante olhar para a minha gargalhada solitária. A culpa é da página dez e da "mentira para contar aos turistas", sobre o Elevador da Glória.
Apetece-me desligar o som da cidade, enquanto a devoro egoisticamente sozinha. Agora é só mergulhar na nossa Lisboa, tão única, que pela mão deste projecto deliciosamente ambicioso, está ainda mais apetecível. É mesmo caso para dizer que a nossa cidade nunca mais será a mesma. Parabéns e queremos mais.

24 setembro 2007

O Senso e a Cidade l Cinema Odéon



aqui ou

Fará sentido festejarmos os anos de vida de um morto? No caso do Cinema Odéon, indiscutivelmente que sim.

Situado na Rua dos Condes, em frente ao Olympia e de mão dada à Avenida da Liberdade, sobrevive hoje um ex-líbris do cinema de outrora da cidade de Lisboa, projectado por Guilherme A. Soares.

Oitenta anos depois do dia 21 de Setembro de 1927, a Cinemateca em colaboração com o Forúm Cidadania Lisboa, prestou homenagem a esta magnífica sala de cinema, que tanto preencheu o circuito cultural da nossa cidade branca. Na passada sexta-feira e projectado ao som de piano, foi relembrado o filme mudo A Viúva Alegre de Erich von Stroheim, o mesmo com que o Odéon se estreou há oito décadas atrás.

Sem voz permaneço eu também, cada vez que observo os vidros estilhaçados, sempre que me passeio nas Portas de Santo Antão. E em vez de ocupar o silêncio com as teclas de um instrumento de cauda, prefiro escrever sobre estas linhas, o barulho da minha indignação.

Um palco de frontão Art Déco, uma magnânima plateia e dois balcões, camarotes sumptuosos, um tecto em pau do Brasil com a forma de quilha de navio, um lustre central decorado com néon, um mecanismo que permite iluminar a sala com luz natural, um pé direito invulgar e uma fachada revestida de vidros de várias cores, são mais do que suficientes para não aceitar a degradação deste edifício, que aumenta de dia para dia.

Em vias de classificação, apelo ao Ippar e à Câmara Municipal de Lisboa, a ressuscitação do maltratado Cinema Odéon, com o exercício do direito de preferência para recuperação integral, não fosse uma cidade precisar de detalhes vivos, para ser única e orgulhosamente nossa.

coluna de opinião publicada a 24 Setembro no jornal Meia Hora

23 setembro 2007

debate


17 setembro 2007

O Senso e a Cidade l Time Out Lisboa



No dia em que tropecei na Invenção do Amor de Daniel Filipe o meu conceito de futuro nunca mais foi o mesmo. Não basta encher de sonhos a mala de viagem. É preciso sorrir, encher a escuridão de árvores sem nome.

Cais da Pedra em Santa Apolónia, Lux, 23H58 do dia 13 de Setembro de 2007 nasce o número zero da Time Out Lisboa. Não para turistas mas para nós lisboetas, a promessa de uma revista irreverente e criativa com edição semanal, à semelhança das revistas de Nova York, Londres ou Chicago. Ambicioso? Saborosamente e decerto que sim.

Depois de quatro anos em Londres como correspondente da Lusa e da TSF, João Cepeda e o ex- editor da secção "Sociedade" do Diário de Notícias, João Miguel Tavares resolvem bater no ombro de Tony Elliot propondo Lisboa a uma das mais fortes marcas de guias a nível mundial nascida em Londres em 1968. A partir de 26 de Setembro, uma equipa com rasgo na casa dos trinta anos propõe todas as quartas-feiras e pelo valor de € 2, cem páginas de divulgação de cultura e lazer. Um projecto onde o fado em vez de triste e saudosista tem lugar como um sentimento convictamente cool. Guia del Ocio em Madrid, Pariscope em Paris e finalmente Time Out Lisboa. Passo-me a sentir mais alinhada às medidas europeias.

A disponibilidade a nós mesmos, as nossas prioridades e interesses, a alegria de viver o presente, acreditar nos sonhos e a grande capacidade de os tentar construir fazem a diferença no nosso contributo à vida de uma cidade. Talvez hoje não estivesse a escrever estas linhas sobre estas páginas se três empreendedores recém-licenciados não tivessem também conseguido implementar um projecto de que muitos duvidaram à partida. Tenho a certeza que todos estes viajantes se cruzaram com as palavras “complicado” e “impossível” mas souberam sempre correr atrás.

Isso prova que o maior património de uma Lisboa mais rica são as pessoas e como dizia o nosso querido Ruy Belo, o que é preciso é dar lugar aos pássaros nas ruas da cidade.

coluna de opinião publicada a 17 Setembro no jornal Meia Hora

11 setembro 2007

O Senso e a Cidade l Os pisos térreos do Terreiro do Paço


aqui ou
Filha de um alfarrabista e com uma infância entre livros e palavras lembro-me muitas vezes da limitação de espaço de Almada Negreiros que numa Invenção de um Dia Claro não teria vida suficiente para ler todos os livros de uma livraria. Esse sonho dispensaria as pessoas, essa grande riqueza que mais me move quando penso na ideia de uma cidade. A minha angústia será sempre outra… a de não ter anos de vida suficientes para ver o Terreiro do Paço como sempre o imaginei. Mesmo ainda não tendo realizado o sonho de chegar a São Petersburgo de barco defenderei para sempre a nossa praça como a mais bonita e com mais potencial da Europa.

Desde o mês passado que aos Domingos a Praça do Comércio passou a ser das Pessoas. A iniciativa implica o encerramento ao tráfego automóvel das laterais do Terreiro do Paço e o troço da Ribeira das Naus entre o Largo do Corpo Santo e o Campo das Cebolas. Uma exposição de fotografia, aulas de Yoga, venda de flores, aluguer de bicicletas, venda de livros, uma biblioteca itinerante, um ciclo de cinema documental sobre Lisboa ou mesmo um Quarteto de Jazz do Hot Clube passaram a dar mais vida a esta jóia da coroa lisboeta. Está melhor, mas não chega.

Numa semana em que António Costa, Manuel Salgado, José Sócrates, José Miguel Júdice, Nunes Correia e Paula Vitorino reorganizaram ideias para a reabilitação da frente ribeirinha e em que Maria José Nogueira Pinto volta a estar à frente do projecto Baixa-Chiado quero continuar a desejar muito mais da nossa cidade branca. Retirem sim as lojas dos chineses do comércio tradicional da Baixa em decadência, mas libertem os pisos térreos do Terreiro do Paço e tragam mais Martinhos da Arcada, para nós “Pessoas” nacionais e estrangeiras vivermos uma cidade dignificantemente europeia.

Enquanto espero pela devolução do Cais das Colunas ao remetente desejarei semanalmente e por estas linhas uma cidade viva e preservada que tudo tem de mão beijada. Uma cidade que afinal apenas precisa de pessoas e do seu bom senso.
coluna de opinião publicada a 11 Setembro no jornal Meia Hora

08 setembro 2007

secouent


hoje agarramos a beleza,
como a areia que esvoaça.

sempre livre.

07 setembro 2007

1970 - 2007


hoje debaixo da terra
a atmosfera liberta-se
até ao reencontro.