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Confesso que os cigarros dos outros sempre me incomodaram e estaria a ser incoerente se o escondesse por estas linhas. Enquanto moradores neste mundo universal vamos sendo também as nossas circunstâncias e depois de três anos de vida em Amesterdão confesso que hoje transporto algumas ideologias mais radicais. Por ser considerado falta de respeito fumar em casa dos amigos, a minha varanda com dez graus negativos inundava-se de fumadores aos saltos que o faziam para combater o frio, mas por vontade própria.
Como contraste bastou-me um ano de Atenas para perder qualquer hábito fundamentalista, sendo que as famílias gregas fumam com os filhos dentro do carro de janelas fechadas e as saídas à noite mais parecem uma busca ao Rei D. Sebastião. Apesar da tinta que corre sobre a nova lei anti-tabaco, que entrou em vigor em Portugal no início de 2008, hoje sei que habito um país onde me acompanha a palavra equilíbrio.
Nos 14 dias de lei, e pelo que observei devo escrever que estou impressionada com o cumprimento dos portugueses. Nem sempre são perfeitas as soluções, mas a necessidade de nos despirmos em frente à máquina de lavar depois de uma ida ao Lux baixou literalmente e o day after já não é tão ressacante.
Nos meus trinta anos saborosamente balzaquianos confirmo que viver é muito bom, e sempre que o escrevo tropeço na palavra saúde. Ao que parece Lisboa está mais respirável e desculpem-me “o egoísmo” mas a minha liberdade permite-te gostar mais desta versão. Mesmo com a nova lei, Lisboa continua divertida e luminosa e apesar do ditado fica comprovado que afinal pode haver fogo sem fumo.
coluna de opinião publicada a 14 de Janeiro no Meia Hora
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