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28 setembro 2008

room temperature



Imagens retiradas de filmes. É o que nos sugerem as telas de António Trindade ao primeiro vislumbre. Algumas mais cinematográficas, outras mais televisivas como as que aparentam sofrer interferência – a chamada televisão às riscas. Mas se a televisão às riscas suscita as mais variadas reclamações junto dos fornecedores, as telas agora expostas arrancam-nos um sorriso de agrado.

Em “Room Temperature Parte I” vislumbramos o rosto da actriz Natalie Portman. Em “Interdiction” vemos uma mulher de costas com calções curtos e botas altas, o que nos remete para uma imagem desse sucesso dos anos 80, que marcou toda uma geração, que foi “Flashdance”. Por seu lado “Souvenir” parece uma cena escaldante de um filme dos anos 50, daquelas que fariam a exibição do filme ser proibída por terras lusas e salazaristas.
Já “Mistery Woods” transporta-nos para um filme de terror. Uma mulher parada na entrada de uma floresta, à noite. Sentimos claramente que do negro da floresta sairá algo mau que vai magoar a inocente mulher. Porque embora esta mulher esteja de costas voltadas para nós, sabemos que é inocente, porque só uma inocente se postaria assim, especada sem medo, à entrada de um bosque obviamente maléfico.


António Trindade consegue a proeza de fazer-nos sonhar e imaginar o que está para além daquele momento que captou em tela. Se o cinema conta uma história, “Room Temperature” é uma sinopse que acaba em reticências...

Time Out, 24 Set 2008


Galeria Arte Periférica, Centro Cultural de Belém, 13 Set a 9 Out

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