09 fevereiro 2010
criarte no Expresso Economia
O hábito de sublinhar os livros que lê, e a necessidade de partilhar essas citações com os outros, foi o ponto de partida da marca de design cultural criarte, que foi adquirida pela Arquivo, livraria de Leiria que representa os cadernos Moleskine em Portugal. O projecto começou em 2002 com o lançamento de um caderno de notas com frases de Manuel Hermínio Monteiro, editor da Assírio & Alvim, ao qual se juntaram as palavras de Mário de Sá Carneiro, Mário Cesariny, Ruy Belo, Camilo Pessanha e José Tolentino Mendonça.
Neste momento, os livros de notas são um projecto que está abandonado, porque a prioridade são as camisolas que estão em processo de relançamento. “Lançámos a edição especial ‘tenho em mim todos os sonhos do mundo’, de Álvaro de Campos, e queremos ver como é que as coisas correm. Temos material promocional para fazer montras de livrarias, mas a prioridade é fazer um produto bem feito”, explica Sancha Trindade, mentora da marca que vendeu à Arquivo mas à qual continua ligada.
Mensagens fortes com impacto emocional é o que Sancha Trindade procura quando selecciona as frases que serão estampadas nas camisolas. “É sempre importante que as mensagens tenham impacto já que circulam pelas ruas como uma segunda pele, que é também partilhada com outros viajantes da cidade”, justifica. Em termos de vendas, Sancha Trindade revela que se trata, por enquanto, de volumes pouco representativos porque a estratégia comercial e de marketing só foi retomada no final de 2009, quando a criarte foi adquirida pela Arquivo.
Certa de que estas camisolas nunca serão um produto massificado, Sancha Trindade espera que as vendas cheguem às 4 mil unidades. As camisolas estão à venda em cerca de 30 pontos de venda espalhados pelo país — entre a loja do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a Papel e Companhia, no Porto, e o Museu do Caramulo —, mas os mercados internacionais são uma ambição. “Tenho falado com a Alexandra Vieira (dona da Arquivo) para estarmos em eventos internacionais.
Sobre língua e poesia”, avança, referindo a vontade de marcar presença no Museu de Língua Portuguesa, em São Paulo. O português falado no Brasil não a incomoda. Aceita o acordo ortográfico como uma evolução da língua: “Faz-me um bocadinho de confusão, mas chateia-me mais ver SMS escritos com k’s.” A ligação à livraria de Leiria começou como um ponto de venda da criarte, com o qual Sancha mantinha uma boa relação. “Quando voltei de viver da Grécia decidi vender a marca. Vendi 100%, mas ficou estabelecido no contrato que receberia royalties sobre as vendas”, recorda.
Da ligação com a Arquivo vai nascer também o vinho criarte, produzido numa herdade no Alentejo, que faz parte do universo empresarial da livraria, cujos rótulos ostentaram frases de autores em português. Quanto ao lançamento de cadernos Moleskine com frases de autores portugueses, Sancha refere que não se trata propriamente de um desejo, mas é uma possibilidade numa segunda linha de desenvolvimento da criarte.
Catarina Nunes, Expresso Economia a 6 de Fevereiro 2010
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