12 abril 2012
'em busca do tempo perdido'
Os idosos entraram na minha vida com mais força pela assistência da doença de Parkinson do meu Pai que me deu treze anos de curso de humildade. Observei o quadro mais bonito de entrega humana durante esse tempo da dedicação da minha Mãe em todos os minutos da sua vida. Com todos os defeitos que todos temos, há alturas da nossa vida em que percebemos do que afinal somos feitos e até onde vai o nosso limite. No caso da minha Mãe essa barreira é intransponível em relação aos outros. Contado não chegaria à altura de tamanha nobreza de coração que assisti entre quem me gerou vida e quem sabe um dia o Universo me dê poder suficiente para dar mais forma aos feitos estóicos que existem no mundo. No meu mundo.
Depois de treze anos de entrega e da fusão do meu Pai com o Universo há um ano e de me questionar o que será da velhice de todos nós como reformados em Portugal, sei que a vida é e será sempre mais presente do que futura e em vez de me focar no amanhã e se terei alguém que tome conta de mim, como teve o meu Pai ou terá a minha Mãe, tenho a certeza que a minha Lisboa na ponta dos dedos pode fazer alguma coisa.
Costumo rir-me sempre que pago a Segurança Social e o que será de nós portugueses e resta-me a alegria de que partirei deste mundo a trabalhar. Não me imagino reformada. Percebem-me não percebem? E mesmo que não contribua para a sociedade com a mesma energia que tenho hoje enquanto vos escrevo estas linhas, sempre me diverti com o cenário lírico de que ao oitenta anos ainda andaria pelas ruas da cidade com botas de cano alto de verniz preto, cabelo ao estilo Audrey Hepburn a tertúliar algures numa cave de Lisboa cheia de recortes e amigos a partilharem cálice de Real Companhia Velha.
Quando vejo reportagens como a que vos partilho em baixo, sela-se o manifesto que também quero fazer mais do que conversar com os idosos da minha rua ou oferecer boleia quando sei que precisam de ajuda. Ainda estou a cozinhar a ideia a mas coisa prometo estar à altura da tão bonita idea da Madalena Vitorino.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário