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30 outubro 2006

em branco


no primeiro dia
do resto da vida,
não se teme
o sindroma da folha
em branco.

um obrigada a todos
os que caminharam
comigo
aqui.

26 outubro 2006

pintura habitada


transporto-me
também
para uma enorme parede branca.

sabbath


os desaparecimentos
são sempre
reflexos

de tudo o que somos.

24 outubro 2006

crescer com amor


recebeste-me de perto
e em silêncio.

hoje registo com dignidade
um erro que nunca o foi.

enquanto molhava o corpo
guardava para sempre
o nosso segredo
debaixo da terra.

all star


nos dias em que te imagino,
a palavra procuro
não existe.

irreverente...

20 outubro 2006

vinicius


a vida só se dá
a quem se deu.

imensamente


subamos
subamos acima
subamos além, subamos
acima do além, subamos.
com a posse física dos braços
inelutavelmente galgaremos
o grande mar de estrelas
através de milênios de luz.

subamos.
como dois atletas
o rosto petrificado
no pálido sorriso do esforço
subamos acima
com a posse física dos braços
e os músculos desmesurados
na calma convulsa da ascensão.

acima
mais longe que tudo
além, mais longe que acima do além.
como dois acrobatas
subamos, lentíssimos
lá onde o infinito
de tão infinito
nem mais nome tem
subamos.

tensos
pela corda luminosa
que pende invisível
e cujos nós são astros
queimando nas mãos
subamos à tona
do grande mar de estrelas
onde dorme a noite
subamos.

tu e eu, herméticos
as nádegas duras
a carótida nodosa
na fibra do pescoço
os pés agudos em ponta.

como no espasmo.

e quando
lá, acima
além, mais longe que acima do além
adiante do véu de Betelgeuse
depois do país de Altair
sobre o cérebro de Deus

num último impulso
libertados do espírito
despojados da carne
nós nos possuiremos.

e morreremos
morreremos alto, imensamente
imensamente alto.

Vinicius de Morais, in os acrobatas
(obrigatório ver a representação
de Camila Morgado
no fime Vinicius
que estreia brevemente)

15 outubro 2006

vietman


no inesperado
surge sempre
o mais merecido
dos perfumes.

la vie en rose


dans le future

la vie en rose.

02 outubro 2006

sono profundo


nos nossos sonhos
adormecidos
guardo com ternura

aquilo que nunca fomos.

01 outubro 2006

the end


na palavra dignidade
habita o mais certo

de todos os sentimentos.