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Mostrar mensagens com a etiqueta na senda do sonho. Mostrar todas as mensagens
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09 fevereiro 2012

08 fevereiro 2012

'Who the Hell is Sandbox? Oh, Just the Innovators of Your Tomorrow.'



eu escrevi que a paixão é o começo, mas o Jeremy disse outras coisas. um Sandboxer de Taipei com quem bebi um café depois do evento para trocar algumas ideias que temos sobre as plataformas das nossas cidades.

'In what is perhaps proof of the contagious nature of Sandbox energy, columnist Sancha Trindade described that her chance to share ideas and her Lisbon with Sandboxers “confirmed for me the ideas I still want to implement in this city” (check out her unabridged writeup for Vogue Portugal here)'

mais aqui.

25 janeiro 2012

assim foi o 2012 Sandbox Lisboa

assim foi a Cimeira Global de 2012 da Sandbox, um encontro da maior comunidade mundial de jovens empreendedores com menos de 30 anos, que aconteceu em Lisboa, no MUDE, Museu do Design e da Moda no passado fim de semana. Eu estive lá como consultora da marca Lisboa escolhida pela Beta-i (que nasceu para fomentar o empreendedorismo) em parceria com a Vereadora da Economia da Câmara de Lisboa que cedeu o M-U-D-E. para o evento. Estejam atentos à minha crónica na Vogue, a Saída de Emergência de amanhã.









23 janeiro 2012

fotos de rua, like it



já se fizeram fãs das Fotos de Rua? é obrigatório já que foi uma das relevações do melhor de 2011. Like it aqui.

inside out Lisboa



Para sorrirmos sempre que passarmos na Avenida da India, o inside out é um projecto de 'pensamentos positivos' através de arte participada de grande escala no qual mensagens de identidade pessoal são convertidas em peças artísticas. Descobrir, revelar e partilhar histórias e imagens de pessoas de todo o mundo através de fotografias a preto e branco, é o grande desafio.As imagens digitais são transformadas em cartazes e reenviadas aos co-criadores do projecto para que as possam exibir nas suas comunidades. As pessoas podem participar enquanto indivíduos ou como parte de um grupo. Os cartazes são passíveis de ser colocados em qualquer lugar: a janela de um escritório, a parede de um edifício abandonado ou preenchendo um estádio de futebol. colecção de fotos da espectacular montagem aqui e sobre o inside out aqui.

20 janeiro 2012

mostrar ao mundo a Lisboa dos nossos escritores II



Amanhã mostrar a minha 'Lisboa dos Escritores' a vinte dos mais de duzentos empreendedores oriundos de 48 países da Sandbox Network. se não sabe o que é clique aqui.

Lisboa foi a cidade escolhida para acolher a Cimeira Global de 2012 da Sandbox, um encontro da maior comunidade mundial de jovens empreendedores com menos de 30 anos. O eventocomeçou hoje e vai decorrer até Domingo, no MUDE, Museu do Design e da Moda, com a participação de 250 pessoas.

reportagem completa nesta morada em breve :-)

18 janeiro 2012

mostrar ao mundo a Lisboa dos nossos escritores



É já no Sábado que vou partilhar a minha 'Lisboa dos Escritores' com 20 dos empreendedores oriundos de 48 países da Sandbox Network.
Lisboa foi a cidade escolhida para acolher a Cimeira Global de 2012 da Sandbox, um encontro da maior comunidade mundial de jovens empreendedores com menos de 30 anos. O evento vai decorrer de 20 a 22 de Janeiro, no MUDE, Museu do Design e da Moda, com a participação de 250 pessoas. Há anos que falo na importância do Associativismo ;-), não concordam que é uma das coisas que mais nos faz falta como povo?

mais aqui e aqui.

20 setembro 2011

o que é que esta ilha tem?



peço desculpa pelo silêncio,
mas resolvi perder o avião de propósito para ficar mais cinco dias.

a sério o que é que esta ilha tem?

03 julho 2011

'estamos sós com a noite, para salvar um coração'



'aos poucos apercebi-me do modo
desolado incerto quase eventual
com que morava em minha casa

assim ele habitou cidades
desprovidas
ou os portos levantinos a que
se ligava apenas por saber
que nada ali o esperava

assim se reteve nos campos
dos ciganos sem nunca conseguir
ser um deles:
nas suas rixas insanas
nas danças de navalhas
na arte de domar a dor
chegou a ser o melhor
mas era ainda a criança perdida
que protesta inocência
dentro do escuro

não será por muito tempo
assim eu pensava
e pelas falésias já a solidão
dele vinha
não será por muito tempo
assim eu pensava

mas ele sorria
(...)

por isso vos digo
não deixeis o vosso grande amor
refém dos mal-entendidos do mundo.

José Tolentino Mendonça in 'Longe não sabia'

06 abril 2011

Lisboa nos dez mais



apanhada pela Time Out nos dias em que a Smart Studio andou por Lisboa, com os pés assentes num país escalavrado, numa cidade em obras e sorrisos que temem rasgar-se mesmo nos dias que se mostram mais quentes. MAS hajam boas notícias como a que Lisboa ter sido incluída na lista dos dez melhores destinos de turismo de negócios de 2011 da cadeia 'Great Hotels of the World'.

25 fevereiro 2011

a mãe sonha, a obra nasce II


para quem desconhece a história linda por trás do Tribute to Claudia, conhecido também por Vila Joya Gourmet Festival, basta entrar aqui.

14 janeiro 2011

a mãe sonha, a obra nasce



Espero resistir a mais um evento digno da cozinha do Vatel, já que desço a terras do Sul, para a inauguração do Tribute to Claudia no Vila Joya. A morada é muito especial, não apenas por ser um boutique hotel com apenas vinte e dois quartos, ter uma vista de sonho e ter o único chef (Koschina) em Portugal com duas estrelas Michelin, mas também por ser um hotel que foi uma casa de férias onde eram recebidos os amigos da família austríaca Jung. A Mãe (Claudia Jung em cima) sonhou e depois de uma doença prolongada e de ter abraçado o céu, a sua filha (Joy Jung em cima e em baixo) fez acontecer uma das melhores segundas casas do país, que na maior simplicidade e elegância nos recebe sempre como amigos de longa data. O Vila Joya Gourmet Festival é o mais internacional evento de gastronomia em Portugal, com a presença dos melhores chefes do Mundo - com duas e três estrelas Michelin - e conta com os patrocínio da Nespresso e da Perrier Jouët. Explore mais aqui.

07 janeiro 2011

à mesa do café trocamos palavras l Se hoje me puderes ouvir



Abandono os cafés onde troquei tantas palavras. São imagens e movimentos que passam a fazer parte de um livro, que passam a existir demasiado em todas a memórias que hoje trago comigo.

Todas as cidades têm o seu tempo mais certo e Londres revela-se mais lenta pelo manto branco que cobriu a cidade. ‘Pela neve sem vincar rasto, sempre caminhou aquele que busca um amor’ é uma das frases do livro que trago comigo para as viagens de baixo de terra. As palavras fazem-me olhar vezes sem conta, para as tantas faces que constroem o movimento da cidade. Talvez por isso a importância das imagens que se cruzam nas carruagens e que a tão poucos centímetros de distância reconhecem a importância de um sorriso. Nestes dias recolho momentos, que me fazem brilhar os olhos mais do que todas as luzes da cidade.

Passeio sobre a neve nas ruas do Soho e por mais frio que esteja, não congelo a minha atenção à vibração londrina. Cruzo-me numa esquina com um viajante que carrega um enorme ramo de flores e o aroma das fréseas brancas magnetiza-me a curiosidade. São flores de março, mas o mês de dezembro tem esta capacidade de me fazer acreditar que tudo é ainda mais possível. Sigo-lhe os passos e descubro uma das moradas mais apetecíveis desta viagem. A Dean Street Townhouse é um hotel elegantemente discreto que não chega a ter qualquer sinal na porta. A entrada tem uma biblioteca e as muitas velas acesas transportam-me à minha ideia de Natal, vivido à volta das histórias dos livros mais antigos. Recebem-me como numa casa de amigos e enquanto observo a dança imóvel das criações de Olivia Putman volto a homenagear o café que tanto elogia as cidades, quando me perguntam se aceito um Volluto. Este é o hotel londrino mais perfeito para me sentir em casa.

‘Londres tem definitivamente um efeito nefasto nos diários íntimos’
Só desta vez atrevo-me a não concordar com Virginia Woolf que tanto me tem acompanhado na beleza dos dias. A velocidade da cidade contraria as mensagens mais cinzentas que me chegam de Portugal. Tenho a certeza que por mais pensamentos fatais, ao privilégio de estarmos vivos, o mundo não acaba nem mesmo com a pior das crises. Por isso mais vale gastar energia na criatividade e no associativismo que sempre tanta falta fez ao meu país Atlântico. Para planear o ano de 2011, o qual tenho a certeza ser importante ao nosso projeto de humanidade, rendo-me às leves e finas folhas azuis da Smythson no número quarenta de New Bond Street. As folhas de apenas cinquenta gramas não impedem o uso das canetas de tinta permanente e mais do que um ‘secret social passport’ a organizar vidas desde 1887, esta loja do centro de Londres é uma bênção a quem gosta de escrever. O Royal Court foi o primeiro registo diário a ser publicado pela Smythson em 1895, que com o formato de um dia por página e com uma secção de informações úteis daria início a uma marca, que tem na sua história as pontas dos dedos da Rainha Vitória, de Sigmun Freud ou de Grace Kelly. Hoje encantam quem sofre de saudades da magia de uma carta. Na coleção dos Panama Notebooks rasgo o sorriso nas mensagens que as capas oferecem: ‘dance like no one's watching’,'dreams and thoughts', ‘now panic and freak out’ ou ‘make it happen’. A ideia genial foi da diretora criativa da marca, a primeira-dama Samantha Cameron que estendeu a genialidade à ousadia. As páginas por preencher dizem-me ‘está tudo por acontecer’.

É mesmo agora o que mais me comove
Com a mesma beleza de um quadro de Johannes Vermeer, a futura primeira-dama da banca inglesa, Ana Horta Osório partilha-me as moradas mais apetecíveis da elegância londrina. Anoto a exuberância discreta do Zuma, do Nobu, do Cecconi ou do Cipriani London. ‘Viver Londres é também viver os leilões da Sotheby's, as corridas de Ascot, ou o torneio de ténis Wimbledon’. Para nos guiar existe um Tatler London Guide e para mesa do café o último andar do Harvey Nichols ou as cores românticas da Ladurée. Na importância de quem corre por gosto e não se cansa entre cidades (Ana é fundadora de um dos melhores Spas de Lisboa, o Spatitude) ainda a conquista da Maratona de Nova Iorque, a partilha da cidadania numa Londres que tanto vive de associativismo ou das tantas causas por uma causa. Registo a cidade no seu retrato mais perfeito.

Um destino que passa e não passa por aqui
A cidade revela-se por ser de passagem e muitos me confessam os tantos amigos que já partiram. Na velocidade da memória recordo-me das conversas de um dos mais antigos restaurantes de Londres, o Rules, que me privilegiou com um soberbo pato selvagem com macas caramelizadas e um ‘toffe pudding’ de avelãs ou do extraordinário e bonito Daylesford Organic, um mercado e também café biológico que adoraria ter em Lisboa. Porque a extensão da alma também come, os livros e histórias da magnânima Daunt Books, em Marylebone High Street, a beleza gráfica dos livros da Magma em Clerkenwell Road ou as viagens paginadas na Travel Book Shop no cenário edílico de Notting Hill. No bairro que escolheria para viver, a espontaneidade e os almoços sofisticadamente descontraídos do café 202, com quem me sentei à mesa com Mariana de Castro. Não proclamo ‘o sonho como a pior das cocaínas’, mas agradeço o seu doutoramento no Kings College que em breve nos permitirá o Shakespeare de Fernando Pessoa. A ponte literária recorda-me as placas azuis que memorizam as casas mais importantes da cidade. Sãos marcos que relembram quem não deve ser esquecido e que não perdem o seu lugar sagrado na cidade enquanto o tempo passa. Também Mafalda Trabucco Borea me confirma a importância das imagens cénicas deste bairro vintage. A trabalhar na Mubi, a sala de cinema on-line permite descobrir e partilhar com cinéfilos desconhecidos fitas raras de encontrar em qualquer prateleira de uma loja, confirmando-me o futuro do cinema em casa.

Aquilo que nem ao vento sequer segredamos
Abandono os cafés onde troquei tantas palavras. São imagens e movimentos que passam a fazer parte de um livro, que passam a existir demasiado em todas as memorias que hoje trago comigo. Um testemunho romântico de uma cidade, que mais do que um cenário da história de Sarah e Maurice do romance de Graham Greene, abre-me à importância dos seres humanos. A velocidade dos dias toma conta de mim e enquanto a neve cai a energia esgota-se no meu último dia em Londres. Entregue ao positivismo de um condutor desconhecido, o táxi rasga as ruas ao longo do rio, dando-me uma imagem mágica da antiga central eléctrica em Battersea. Pela febre que me deixou quase intransportável imploro o meu lugar com destino a Lisboa. São momentos que me fazem viver o meu ‘The Sheltering Sky‘ de Bernardo Bertolucci e que longe das cores proibidas de David Sylvian, reconhece a importância de um taxista no momento de uma partida. O aeroporto revela-se num caos imenso e consigo embarcar acreditando nos milagres desta época de luz. Agradeço com humildade o regresso da viajante no momento que re-encontro o poema que deu o título a estas páginas. E enquanto ‘a noite abre os meus olhos’, recebo as palavras do poeta distante: se hoje me puderes ouvir recomeça, medita numa viagem longa, ou num amor,
talvez o mais belo.

coluna 'à mesa do café trocamos palavras' patrocinada pela Nespresso, publicado no suplemento Outlook do Diário Económico a 7 de Janeiro de 2011

02 janeiro 2011

'asas do desejo'



mensagem do sul.
a vida é tão mais bonita em câmera lenta.

01 janeiro 2011

2011

31 dezembro 2010

20.10 wash

19 dezembro 2010

à mesa do café trocamos palavras l muito além do azul



Sentamo-nos no café da galeria e enquanto me descreve como teceu a sua senda do sonho, tenho como cenário os vultos que passeiam pelos jardins. Entre nós e as palavras há espaços cheios de gente de costas, portas por abrir que podem tirar do mais fundo de nós o mais útil segredo.

Distante das ruas da cidade estão as casas, as muralhas habitadas dos amigos que escolheram Londres como morada, onde no ‘transportes do tempo’ de Ruy Belo se sentem bem. As palavras da escritora com que iniciei esta coluna segredou-me também que ‘ninguém pode dizer que conhece Londres se não conhecer um londrino de gema, se nunca tiver descido uma rua secundária, longe das lojas e dos teatros, e batido à porta de uma casa particular num bairro residencial’. Antes de partir alertaram-me para a eleição do bairro, onde elegeria a minha morada destes dias londrinos. Chelsea está longe de ser o meu bairro ideal, não pela sofisticação que aprecio, mas pela falta de criatividade que alcanço noutras esquinas da cidade. Gosto de viver surpreendida e mais importante do que o bairro onde vivo, a importância da experiência de uma cidade através de pessoas extraordinárias, que com as suas mãos me abrem portas como revelam segredos.

Retida pelas imagens da fita ‘Bricklane’ de Sarah Gavron, de um romance de Mónica Ali, imaginei muitas vezes os encontros dos seres humanos através de portas transparentes. Uma imagem que trouxe no meu livro de notas, como um quadro a descobrir em ‘East London’. Old Street é a estação de metro que eleva ‘o fósforo para o milagre do fogo’. Hoxton, Hackney, Bethnal Green, Shoreditch, manchas de criatividade coladas que revelam estímulos e excentricidades capazes de acordar os vultos da célebre frase de Johnson, aqui nestas ruas, não há mesmo espaço para nos fartarmos da vida.

Na excelência dos seres humanos
Londres é transversal na mudança rápida de cenário, em que de um segundo para o outro mudamos de uma elegante loja de Bond Street para uma cave Felliniana em Shoreditch. A dádiva da experiência devo-a a Miguel Domingos, um fotógrafo de moda que respira talento pela pele do seu percurso. Enquanto vivemos um poderoso ‘english breakfast’ no ‘The Premisses’, um café em Hackney também estúdio, onde já gravaram nomes como Nina Simone, Nick Cave ou os Buena Vista Social Club, revela-me o início do caminho na London College of Fashion. Londres é a sua base há nove anos, mas trabalha também em Paris, Barcelona, Berlim, Madrid e Lisboa pelas agências Volitif e Luckenpoint. Nas suas mais elevadas memórias partilha-me os ‘backstages’ da Paris Fashion Week (Karl Lagerfeld, Vivienne Westwood, John Galliano ou Lanvin são alguns dos nomes com quem colabora) e a sua colaboração na Art Partner, a agência nova iorquina onde estão agenciados os fotógrafos Mario Testino, Mario Sorrenti ou Terry Richardson. Das suas histórias retenho-me na palavra mais forte, ‘Londres é uma cidade vibrante’ e na companhia da energia de uma pessoa que transpira amor pela vida, descubro a tão esperada rua de Bricklane. São montras vintage e lojas escondidas como a fascinante Beyond Retro, mas também a paragem obrigatória na Baigel Bake (para provar os famoso Baigels de salmão fumado ou ‘salt beef’). Livres como pássaros em Istambul, percorremos a Cheshire Street, a Columbia Road com o seu famoso mercado de flores ou o salão de beleza The Powderpuff Girls onde é possível viajar no tempo para pedir um penteado dos anos cinquenta, com decoração e ‘staff’ a condizer. Ainda o mercado e as lojas de Broadway Market, o ar berlinense do Haggerston Bar, ou o tal bar digno dos filmes de Fellini, o Joiners Arms. Nas suas grandes eleições e numa escapadela ao Soho, e mesmo à frente da lojas de bolos mais excêntrica da cidade, a Cox Cookies & Cake, ainda o imperdível restaurante de ostras e marisco, o Randall & Aubin, onde atmosfera e champagne da casa ressuscitam o cansaço dos dias. Miguel vai registando movimentos por trás da câmara, e o voo acaba na simplicidade de um restaurante tailandês de bairro, o Rosa’s, no número 13 de Hanbury Street, onde remato um dia regado pelo privilégio da criação.

Hoje, leva-me contigo
É fácil perdermo-nos na cidade. E não falo de nos deixarmos navegar pelas ruas, mas de ter a sensação que alguma coisa nos está a escapar enquanto fazemos uma outra. E se a cidade é uma bênção, na sua extensão tropeço num projeto essencial para quem quer conhecer a Londres dos londrinos. Simply Rosa é um projeto de Rosa Mello do Rego que virou a página de um percurso na galeria Hauser & Wirth para iluminar as ruas desconhecidas. Habituada a planear a cidade que vale a pena ou a Londres escondida dos guias turísticos, foi com a Rosa que conheci uma das moradas mais apetecíveis para um brunch de East London, o Albion. Situado na Boundary Street, um restaurante, mercearia fina, padaria, galeria e hotel, que recomendo a quem queira ficar no lado mais irreverente do mapa londrino. Ainda longe dos sublime, mas óbvio Hakkassan, deliciosos achados como o ‘ginger pudding’ do The Lansdowne, o vinho quente com canela no The Engineer Pub, os sumos de cenoura e gengibre da frutaria de Primrose Hill, as pizzas da Story Deli, o bus vegetariano Rootmaster, a melhor sopa vietnamita de Londres ou lojas onde o design se encontra temporariamente, como a The Temporium. Haverá sempre mais experiências para viver e como grande razão para um futuro regresso, a loja The Last Tuesday Society em Mare Street, que exibia uma vitrina de fazer inveja às montras da Harvey Nichols. Nas suas escolhas mais clássicas, um episódio nos armazéns da cidade. Do Liberty a beleza do edifício, do Selfridges a seleção excecional e várias prateleiras de revistas que dariam muitas tardes inteiras de leitura. Ainda uma cena digna de um filme. Enquanto Rosa se compromete, mais uma vez, a sua serenidade à concorrida fila da Nespresso – e aqui lembro-me do privilégio de o podermos fazer a céu aberto nas ruas do meu querido Chiado, ou da genialidade de em Lisboa a reciclagem das cápsulas ajudarem os que mais precisam – observo o momento. Na vitrina as peças desenhadas por Manish Arora, chávenas de café que contam a história de dezasseis princesas, que representam as dezasseis novas sensações Grand Crus através de ilustrações cheias de cor e significado. Ainda um casal que na troca de sacos detetada a tempo, me fez lembrar o ‘Falling in Love’ de Ulu Grosbard, onde Robert de Niro e Meryl Streep trocam as compras de Natal. Sem acesso ao final da história é já em Camden Town que assisto a três epílogos. Encontro-me no London ShortCutz, uma iniciativa que Rui de Brito teve a genialidade lançar no Bicaense todas as terças feiras em Lisboa. Espaço para realizadores de todas as formas e feitios abrirem as páginas das suas criações ao mundo. A ideia estendeu-se a Londres pela mão da atriz Alice da Cunha e numa sala no Proud Camden, que ocupa um estábulo antigo, acontece o encontro dos livres cineastas.

Na troca das palavras escritas
Perto de Sloane Square marco encontro com a realizadora Cristiana Miranda. Reconhecemo-nos pelo sorriso inconfundivelmente atlântico, numa das salas da Saatchi Gallery. O seu primeiro trabalho de sucesso foi um documentário de três minutos para o Discovery Channel, sobre Dita von Teese, que lhe valeu o reconhecimento do meio e a concretização de novos projetos. Mais do que os inúmeros filmes publicitários para marcas conhecidas, ou videoclips como o ‘The Day Before the Day’ para a cantora Dido, elevo-lhe o talento humano enquanto partilhamos Cesariny. Sentamo-nos no café da galeria e enquanto me descreve como teceu a sua senda do sonho tenho como cenário os vultos que passeiam pelos jardins. ‘Entre nós e as palavras há espaços cheios de gente de costas, portas por abrir que podem tirar do mais fundo de nós o mais útil segredo’. Trocamos palavras escritas, palavras legíveis e mesmo sem as cordas do violino do poeta, testemunho uma menina mulher que com todo o sangue do mundo, constrói a cidade criativa muito além do azul. Londres é isto. Uma morada onde à mesa do café me cruzo com os seus viajantes. E na memória dos que ainda não conheci, o privilégio de uma cidade inundada de imagens futuras e um grande voo no estandarte que os move. Uma grande bandeira branca desenhada como quem conta uma história e escreve sorrindo, ‘aqui, onde o mundo é a nossa casa’.

coluna 'à mesa do café trocamos palavras' patrocinada pela Nespresso, publicado no suplemento Outlook do Diário Económico a 18 de Dezembro de 2010