02 novembro 2011
20 setembro 2011
o que é que esta ilha tem?

peço desculpa pelo silêncio,
mas resolvi perder o avião de propósito para ficar mais cinco dias.
a sério o que é que esta ilha tem?
13 setembro 2011
01 agosto 2011
26 julho 2011
unLimiteless
mais aqui.
22 junho 2011
eu conheço o teu canto

não. jamais poderia colocar nesta morada o som que a Leica registou. a morada cénica, a imortalidade do claustro, a presença das gaivotas de veludo, que me libertavam de novo a um caminho que apenas se vive em frente.
o homem. (a verdade da distância mas também) a prensença e a entrega de um homem 'com quem aprendi a ver aquilo que dentro de nós existe e não sabia'. a beleza do sagrado, o toque puro do divino numa noite que nada mais me retém, senão no abraço do previlégio.
as palavras abrem portas
e nelas toco com 'o poder ainda puro das tuas mãos
um caminho que passa e não passa por aqui'.

o tempo é uma palavra de mãos abertas e por isso te peço que o uses para me contares dos lugares por onde viajaste e foste feliz, muito feliz.´
conta-me, eu sei quanto amaste a luz, o vento, o sal nas pontas dos dedos, o muito silêncio que trazia a madrugada. senta-te aqui comigo e dá-me a única coisa que não perderemos e que é a penumbra, o veludo e o sol que habitam essa voz que conheço como um rio e à qual regresso.
eu escuto, conta-me o que emudeceu a tua alma, o que a fez transbordar, o que abandonaste, o que guardaste contigo.
conta-me, abre devagar a porta. eu espero. eu conheço o teu canto.
hoje
da minha janela alcanço todo o azul do Mediterrâneo que me foi dado. é um azul de barcos, gaivotas de asas abertas, cheiro de pinheiros e cigarras no silêncio do anoitecer. é um azul cálido, de ondas ocultas, canções antigas, encontros e desencontros de amor.
se nos calarmos, veremos emudecer o mundo.
e então seremos apenas o essencial.
16 junho 2011
se faz favor de não perder

um dos estandartes das Festas de Lisboa.
Rui de Luna, uma referência da música clássica e uma das grandes vozes mozartianas da atualidade, apresenta o seu novo projeto ALMA LATINA, uma viagem muito especial pelo mundo da música lírico/popular de cariz latino, num espetáculo nos fabulosos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, no dia 21 de Junho às 21h30.
Partindo de um original projeto, este concerto, único, vai enriquecer este lugar mágico, cruzando uma magnífica voz de barítono com a sonoridade da guitarra portuguesa. No espetáculo vai ser dada alma ao património musical latino, com especial destaque para as Canções Napolitanas, os Tangos de Carlos Gardel e de Piazzolla, passando por uma merecida homenagem aos artistas nacionais, tais como Tomaz Alcaide, Alexandre Rey Colaço, Amélia Muge, Luís Tinoco, e Xutos e Pontapés, entre outros.
Esta viagem musical terá como suporte o ensemble Alma Latina, constituído por sete destacados músicos do panorama nacional e internacional, com origens e experiência em áreas musicais tão diversas como o fado, o jazz, o tango ou a música clássica. No espetáculo e na digressão que se seguirá serão dirigidos pelo pianista Hélder Godinho, com a participação especial do argentino Ramón Maschio.
E porque a Alma Latina também é feminina, o concerto conta com a participação especial da fadista Mafalda Arnauth, em dueto com Rui de Luna, e da atriz Sofia Aparício que dará voz a obras de poetas portugueses.
Compre aqui.
um dos temas a ser tocado dia 21 de Junho nos Jerónimos. Ramon Maschio na direcção dos Tangos Argentinos, Libertango de Astor Piazzolla.
12 janeiro 2011
'ensaio sobre a lucidez'

hoje, a atravessar as margens da Rua do Alecrim tropecei em símbolos inegáveis. e apercebi-me como mesmo em ruas distantes, as histórias da cidade se encontram. mais tarde perdida pelo Campo das Cebolas não conseguir cruzar os olhos com o mural do amor, mas descubro que nada disso importa,
quando me rendo às palavras sem rosto.
também eu 'vivo desassossegada e escrevo para desassossegar'.
e se ontem adormeci a pensar na salvação da nobreza da sala escura, hoje lavo a memória nos registos de Miguel Gonçalves Mendes. quase tão sublime como a sua obra-prima, a Autografia de Cesariny que arde todos os dias na biblioteca desta morada.


30 dezembro 2010
26 dezembro 2010
mais do que todas as luzes da cidade II
24 dezembro 2010
24 novembro 2010
on my way to London

estou de partida para Londres, por um mês, para escrever uma coluna especial sobre Londres (amazing people, amazing places) para o Diário Económico. poderão acompanhar a cidade europeia mais apetecível do Natal nesta morada, mas principalmente pelo Outlook - suplemento de sábado do Diário Económico - nos dias 4, 11, 18 e 24 de Dezembro.
na mala da viagem, muita cápsulas Nespresso. não apenas por elevar tanto o conceito das cidades que nos movem, mas porque ser patrocinador das minhas ponta dos dedos, num mês em que teve a nobreza de lançar uma das campanhas mais humanas deste Natal. imite o gesto aqui e aqui.
25 setembro 2010
no elevado sentido de existência

não me surpreendo. mesmo sentindo-me sempre magnânima entre as cidades é ligada à natureza que limpo 'a morte dos dias'. e enquanto esgravato a terra das Beiras, não apenas com as pontas dos dedos, mas com as mãos abertas - ligada ao universo - sinto a morada onde tudo começa. a humidade escorre-me entre os dedos e o aroma impossível em cidades atlânticas, estende-me a certeza do tão elevado sentido de existência.
hoje, 'tudo me prende à terra onde me dei'.
01 julho 2010
o anjo mudo

05 maio 2010
o sonho é possível
acabei de tentar a minha sorte.
se não conseguir ser seleccionada para ir ao TEDx Lisboa vou afagar as mágoas para a ginginha do Rossio. alguém que me leve depois de volta ao andar atlântico com o mapa que vou deixar no bolso esquerdo do casaco. combinados?
30 abril 2010
use only in times of crisis or invasion

o andar atlântico surpreende-se com o seu significado.
In the Spring of 1939, with war against Germany all but inevitable, the British Government's Ministry of Information commissioned a series of propaganda posters to be distributed throughout the country at the onset of hostilities. It was feared that in the early months of the war Britain would be subjected to gas attacks, heavy bombing raids and even invasion. The posters were intended to offer the public reassurance in the dark days which lay ahead.
The posters were required to be uniform in style and were to feature a 'special and handsome' typeface making them difficult for the enemy to counterfeit. The intent of the poster was to convey a message from the King to his people, to assure them that 'all necessary measures to defend the nation were being taken', and to stress an 'attitude of mind' rather than a specific aim. On the eve of a war which Britain was ill-equipped to fight, it was not possible to know what the nation's future aims and objectives would be.
At the end of August 1939 three designs went into production with an overall print budget of 20,600 pounds for five million posters. The first poster, of which over a million were printed, carried a slogan suggested by a civil servant named Waterfield. Using the crowns of George VI as the only graphic device, the stark red and white poster read 'Your Courage, Your Cheerfulness, Your Resolution will Bring Us Victory'. A similar poster, of which around 600,000 were issued, carried the slogan 'Freedom is in Peril'. But the third design, of which over 2.5 million posters were printed, simply read 'Keep Calm and Carry On'.
The first two designs were distributed in September 1939 and immediately began to appear in shop windows, on railway platforms, and on advertising hoardings up and down the country. But the 'Keep Calm' posters were held in reserve, intended for use only in times of crisis or invasion. Although some may have found there way onto Government office walls, the poster was never officially issued and so remained virtually unseen by the public - unseen, that is, until a copy turned up more than fifty years later in a box of dusty old books bought in auction.
Shop owners Stuart and Mary Manley liked the poster so much that they had it framed and placed near the till in their shop. It quickly proved popular with customers and attracted so many enquiries that Stuart and Mary decided to print and sell a facsimile edition which has since become a best-seller, both in the shop and via the internet.
The Ministry of Information commissioned numerous other propaganda posters for use on the home front during the Second World War. Some have become well-known and highly collectable, such as the cartoonist Fougasse's 'Careless Talk Costs Lives' series. But ours has remained a secret until now. Unfortunately, we cannot acknowledge the individuals responsible for the 'Keep Calm' poster. But it's a credit to the nameless artists that, long after the war was won, people everywhere are still finding reassurance in their distinctive and handsome design, and the very special 'attitude of mind' they managed to convey.
mais aqui
29 abril 2010
o mapa do amor
22 abril 2010
hoje é o dia da terra
na tentativa do abraço cada vez mais largo ao universo, decretei que apenas usaria produtos como este no andar atlântico. quanto a detergentes a escolha é imediata, mas confesso que pagar quase €5 por isto para atirar buraco abaixo é um esforço, compensador na minha humilde consciência.
vi o 'into the wild' fora de horas, mas não deixou por isso de ser uma fita que ocupa a prateleira mais alta desta casa. em homenagem ao dia de hoje e nas escolhas de Christopher McCandless, entre Lord Byron, Tolstoi ou Boris Pasternak partilho-vos a célebre frase de Henry David Thoreau que inunda uma das cenas do filme.
mais do que o amor, do que o dinheiro, e do que a fama,
dai-me a verdade.
14 abril 2010
um lugar para viver

a história 'Away we go' de Sam Mendes transportou-me ao passado, no dia em que me lembro de ter chegado a Lisboa - vivia na Grécia - abraçada a um 'start again' e ter atirado sessenta caixas (ou o meu sublime legado) para dentro de um armazém. a pergunta mais válida, apenas esta: 'quando e onde voltaria a encontrar-me com os meus objectos e os meus amigos silenciosos?
lembro-me que bati com a porta, abandonando o armazém com o objectivo determinado de um dia, voltar a marcar o número de telefone da empresa de mudanças. nesses dias distantes lembro-me do pensamento que me movia: aconteça o que acontecer, terá de ser contruído com paixão. nada de prostituições em função de um alcance mais rápido aos objectos. sim, hoje apenas me movo abraçada à liberdade. sem medo, o dinheiro (essa palavra que verbalizo, consciente de que é apenas uma energia que está neste mundo para nos servir), aparece sempre para voltar a erguer o castelo. e confesso-vos que muitas vezes ainda me espanto com os frutos duma árvore que nunca se deixou podar pelo medo.
na senda dos riscos que cumpri durante a vida, muitas vezes me cruzo com histórias e pessoas que vivem sem redes, como eu. e os filmes de Sam Mendes obrigam-me sempre a confrontar capítulos do passado. 'American Beauty' ou 'Revolutionary Road' já tinham marcado encontro com algumas gavetas da memória. em 'Away we go' não me posso esquecer da imagem final do filme (e não revelarei pormenores para não estragar surpresas) o olhar final de duas pessoas que testemunham 'o elogio do amor' de Miguel Esteves Cardoso.
nunca precisei de colar um itinerário dentro de nenhum dos meus casacos, mas sei que muitas vezes apenas tomamos consciência das nossas imagens passadas nas histórias dos outros. o espelho foi muito próximo: a emoção e a incompreensão na expressão de Verona (Maya Rudolph) e a surpresa serena de Burt (John Krasinski), tudo numa imagem que faz esquecer qualquer cartão a fazer de vidro, ou o frio que um dia entrou através de uma janela partida.
mais aqui e aqui.
12 abril 2010
still life

já tinha passado quase um ano, mas não resisti ao rapto, no momento da passagem do hall de saída, da festa do amigo mago. confesso. roubei (com permissão), um convite de 2009 da torre do correio empilhado (sempre adorei curvar-me diante de edifícios altos). o convite da exposição 'dias úteis' de Catarina Botelho tinha quatro imagens, uma delas esta.
no mesmo convite as palavras de Filipa Valadares,
'Existe na expressão Still Life uma contradição intrínseca. Still refere-se a tudo o que está parado, sem movimento, ruído ou acção, que está fixo e que permanece, referindo-se no limite à morte. Por outro lado life refere-se ao estado, propriedade ou qualidade do que está vivo, à vitalidade e ao tempo da vida. Apesar destas duas expressões serem aparentemente o oposto uma da outra, elas coexistem desde há séculos, na expressão inglesa Still life, anunciando-a como uma Vida Parada, fixa. Já a expressão Natureza Morta (adoptada por diversas línguas latinas), mata à partida a natureza, e em contraponto, a versão alemã Stilleben, refere-se a uma Natureza Silenciosa. Diz-se de uma imagem que é retirada de um filme ser um still, um momento parado do mesmo. Esta qualidade de parar e fixar é intrínseca à fotografia enquanto processo e à forma como gera nas suas imagens, uma paragem do tempo. É neste limbo entre still e life, entre esta paragem silenciosa e a vida, que podemos incluir as fotografias desta exposição. Não sendo obrigatoriamente naturezas mortas, são imagens fixas no tempo, captadas num momento que já passou, mas ainda relativas à vida que continua.'
a opção do rapto foi simples.
'As casas são também uma presença constante nos trabalhos de Catarina Botelho, é no seu interior que praticamente tudo acontece. Elas acolhem as pessoas e os objectos, e só pontualmente há outros espaços como cafés, hotéis ou cenas de exterior, mas quase sempre como uma extensão da casa. A casa é o lugar de convivência, onde permanecemos, é o espaço vivido diariamente. Apesar das suas imagens continuarem na sua maioria a representar pessoas, surge agora também uma aproximação particular aos objectos. Eles sempre estiveram lá, no plano de fundo, mas agora autonomizam-se ganhando um espaço próprio nalgumas imagens. Há ainda outros objectos como mesas, camas ou sofás, que criam horizontes estáveis de relação com os corpos que com eles convivem, ou aos quais se abandonam.'
abandonei a casa com a memória dos seus objectos, no privilégio da utilidade dos dias e na mão, uma imagem para a parede dos poetas do andar atlântio. a certeza de uma noite em que trouxe agarrada à minha pele a extensão de uma casa. a extensão de um amigo que gosto muito e que cresce assim como uma árvore rodeado de pessoas de 'palavra única', hoje aumentado por momentos onde apenas há espaço para a 'liberdade' e muitos dias claros
'relativos à vida que continua'.