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02 agosto 2006

the passenger


há pessoas
que vivem em deserto a vida inteira
outras
aceitam a vida tal como ela é.


nesse momento em que me transformava
pela loucura da esperança do que não resta

um momento baço preso ao pó da recusa,
da transparência de uma vida inteira,
onde tudo o que se transporta
passava a estar num único reflexo.

a culpa era das paredes.
a história que renasce
a cada momento por quem lá habita,
por quem lá segredou que está vivo.

mas as paredes já não as sinto.
delas transpiram o odor do passado
que deixei que me passasse por cima.
sinto o que elas transbordaram
durante toda a minha existência
e reconheço agora

só salvarei a minha morte

se passar em frente
como uma criança
e com um coração esgalhado
ao perdão
que nunca esquece.

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