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09 outubro 2007

O Senso e a Cidade l Decadência no Conservatório



Inaugurado em 1881 e situado no antigo Convento dos Caetanos, no Bairro Alto, o Salão Nobre do Conservatório Nacional, da autoria do arquitecto Eugénio Cotrim, precisa urgentemente de obras de recuperação.
Além do magnífico tecto pintado por José Malhoa, o salão dispõe de uma acústica de excelência, a qual tem permitido preferência a gravação de discos e grandes elogios de vários artistas internacionais: Karl Leister (clarinetista solista da Orquestra Filarmónica de Berlim), Anthony Pey (solista inglês de grande nomeada), e de cantores como Peter Schreier, Sarah Walker e Mara Zampieri.
Desde a década de quarenta que não se efectuaram obras de manutenção, originando a degradação desta emblemática sala oitocentista. Paredes e tectos esburacados, um balcão lateral suportado por varões de ferro por estar em risco de ruir, um número considerável de cadeiras totalmente destruídas, cortinas rasgadas, camarins em precárias condições, alcatifas gastas e fios eléctricos visíveis, são alguns dos registos que denunciam uma intervenção de preservação urgente.
Em 2005 foi publicado um concurso público (DR - 3ª Série nº 239 de 15/12/2005 – Recuperação do Salão Nobre, galeria, palco, sub-palco, salas de apoio e cobertura-1ª fase - empreitada 135/05), o qual foi cancelado sem justificação. Tratando-se de um equipamento cultural indispensável, não só às actividades do Conservatório Nacional, mas também como pólo dinamizador do Bairro Alto e da nossa Lisboa, apelo mais uma vez e por estas linhas, ao bom senso das Ministras da Cultura e da Educação, de não permitir o ponto do não retorno.
coluna de opinião publicada a 8 de Outubro no jornal Meia Hora

1 comentário:

  1. Querida Sancha,

    Quando da tua crónica sobre o Odeón, achei por bem dar o exemplo do "Palau de La Musica Catalana".

    Agora nao sei que te diga.
    Talvez que, as temáticas que escolhes denotam amor (paixao + amizade + carinho) por Lisboa.
    Talvez que, estejamos longe de alcançar uma gestao eficaz das finanças públicas.
    Talvez que, a generalidade dos nossos políticos, antes de o serem, deviam ter exercido uma profissao (relembro que os teus avós, os meus, o teu pai, etc. foram políticos com profissao. E relembro também, que os meus, os teus amigos políticos nao têm profissao: sao políticos).
    Talvez que, a nossa sociedade civil ainda nao está suficientemente organizada e por isso nao tem o poder de pressao desejado.
    Talvez que, tenhamos que educar de maneira didática todos os dias.
    Talvez que, tenhamos a obrigaçao de ajudar a mudar as mentalidades através do exemplo e da explicaçao desse exemplo.

    O "talvez" é uma expressao muito nossa, muito lusa. É um ponto médio entre o negativo e o positivo. É o zero. É a nao afirmaçao. E por isso, mudo os "talvez" e afirmo-os!

    Obrigado pela tuas AFIRMAÇOES! És afirmativa. Como diria um senhor -em tempos candidato à presiência da República-, que com muitos defeitos, promoveu um bom slogan: "P'rá frente Portugal" e adaptando "P'rá frente Lisboa".

    E como disse outro senhor -presidente da Câmara de Lisboa-:"Vamos a isto juntos".

    E sim é um PRAZER percorrer o Bairro Alto ao final do dia e escutar o "som" do Conservatório.

    E porque, como tu, há quem saiba escrever:

    "A cidade é um chão de palavras pisadas

    A cidade é um chão de palavras pisadas
    a palavra criança a palavra segredo.
    A cidade é um céu de palavras paradas
    a palavra distância e a palavra medo.

    A cidade é um saco um pulmão que respira
    pela palavra água pela palavra brisa
    A cidade é um poro um corpo que transpira
    pela palavra sangue pela palavra ira.

    A cidade tem praças de palavras abertas
    como estátuas mandadas apear.
    A cidade tem ruas de palavras desertas
    como jardins mandados arrancar.

    A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
    A palavra silêncio é uma rosa chá.
    Não há céu de palavras que a cidade não cubra
    não há rua de sons que a palavra não corra
    à procura da sombra de uma luz que não há."

    José Carlos Ary dos Santos


    Um beijinho muito grande,

    Guilherme

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