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22 outubro 2007

O Senso e a Cidade l O Abraço de Prata


Lisboa convida-nos mais uma vez à palavra envolvência. No passado dia 12 de Outubro, na antiga Fábrica de Armas do Braço de Prata, aconteceu a Festa do Festival do Cinema Francês em conjunto com a Festa Lomo. Quem lá esteve confirma que a nossa cidade está a ficar diferente.

Num piso térreo com setecentos metros quadrados, num edifício de 1908, José Pinho da carismática livraria Ler Devagar e Nuno Nabais da Eterno Retorno surpreenderam os lisboetas com um projecto alternativo, a Fábrica do Braço de Prata. Aqui respiram-se livros, sentem-se exposições, conhecemos pessoas, tornamo-nos mais humanos e mais felizes por viver em Lisboa. Com nomes que nos convidam a descobrir segredos escondidos, as várias salas Kafka, Nietzche, Arendt, Deleuze, Virginia Woolf, Turing, Artaud, Tcekov, Visconti, Marguerite Duras e Beauvoir fazem deste espaço com ambiente minimalista, um lugar urgente a descobrir.

Uma livraria, uma sala dedicada à sétima arte com sessões de Quinta a Domingo, um café onde se pode petiscar fora de horas, um bar de jazz ao vivo com concertos todas as Sextas, uma sala para teatro (ensaios e espectáculos), uma loja de discos, uma loja de roupa em segunda-mão, uma galeria de arte, vários espaços para exposições temporárias, tertúlias e lançamentos e ainda uma esplanada constituem esta nova casa da cultura lisboeta. Para o futuro está previsto um cinema ao ar livre, há muito esperado pelo excelente clima da nossa capital.

Depois de uma noite, onde observei um sonho implementado, imagens presentes e sorrisos livres, partilho este enorme e profundo abraço de prata, que me faz acreditar que Lisboa está de facto a acontecer.
coluna de opinião publicada a 22 de Outubro no jornal Meia Hora

1 comentário:

  1. Minha querida Sancha,



    Começo pelo fim. Gosto da conclusao, do "Abraço". Faz-nos sentir numa Cadeia de Uniao de uma qulaquer sociedade secreta (ou discreta).



    Continua. Promove a tua (talvez nossa) cidade.

    A cultura de Lisboa, é feita de contra-correntes. É feita de pessoas, e às vezes essas pessoas conseguem fazer eventos, momentos, exposiçoes, acontecimentos e "ABRAÇOS DE PRATA". Para isso tu és fundamental. Para divulgares a informaçao "esotérica" de uma forma mais "exotérica", mais democrática, mais popular. Mais.

    Sabemos, que o "ABRAÇO DE PRATA" é/será um evento. Quero dizer uma aposta a prazo, datada no tempo. Mas, com uma oportunidade única. Como dizias é uma afirmaçao digna de mundo, de urbanidade, de ágora, de cultura(s). Vamos aproveitá-la, "chupá-la", para premiar quem a pensou. Para que amanha, em dia de enterro:
    Quando eu morrer batam em latas,
    Rompam aos saltos e aos pinotes,
    Façam estalar no ar chicotes,
    Chamem palhaços e acrobatas!

    Que o meu caixão vá sobre um burro
    Ajaezado à andaluza...
    A um morto nada se recusa,
    Eu quero por força ir de burro.

    Este "Fim", do suicidado M Sá Carneiro, é alegria de confrontaçao.

    Como sempre obrigado. É um favor que me fazes cada vez que escreves.

    Um Beijinho,

    Guilherme

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