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Linda sem qualquer dúvida, a calçada portuguesa faz dos nossos passeios, um dos mais bonitos do mundo. Cleopatra’s à parte, em Lisboa não se pisam pétalas de rosa, mas antes, chuva de jacarandás, estrelas, peixes, liras e flores.
Para quem adere aos saltos altos das Zilians’s ou dos Manolos Blahnik deste mundo, uma homenagem à coragem das mulheres portuguesas, que todos os dias desafiam os tapetes de basalto e calcário da cidade.
Sempre defendi uma Lisboa sofisticada e se agradeço ao império Inditex, por ter tornado as lusitanas mais bonitas, não posso deixar de implorar à Câmara de Lisboa uma calçada mais perfeita em prol de não trocar a ideia de uns Jimmy Choo pelas confortáveis havaianas.
Muitas vezes estragada, abandonada, desconfortável e muito perigosa, a calçada portuguesa não pode ser um impasse a uma cidade mais dinâmica e sofisticadamente habitável. E com esta ideia, não pretendo aderir à sugestão de Novembro da minha querida Time Out, de a retirar dos pés de Lisboa, mas antes intervir na sua recuperação e preservação.
Com uma crescente escassez de artífices e paralelo desinteresse pela arte da calçada é urgente intervir numa preservação mais atenta. Preservação essa que passa não apenas pelos olhos da Câmara, mas também ao respeito e civismo de todos os que habitam a cidade. Observando os carros sem perdão, acrescento ao apelo mais uns milhares de pinos para proteger os testemunhos desta beleza lisboeta.
Quanto ao malabarismo das lusitanas e porque o caminhar feminino sempre foi uma arte, a partilha das palavras do poeta que anda com luz, o caminho faz-se andando.
publicado a 27 de Junho no jornal Meia Hora
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