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08 outubro 2008

O Senso e a Cidade l Frescos só os legumes



aqui página 7 ou
4699 é o número vergonhoso de prédios devolutos na minha querida Lisboa. Uma ofensa penosa a quem ama a cidade e a quem vê crescer à pressão as tenebrosas periferias.
Este cancro representa 60 mil casas vazias no coração da capital, sendo a zona histórica oriental a que apresenta a percentagem mais elevada, com destaque para as freguesias de Arroios, Santa Marta, Castelo, e São Vicente. Na parte ocidental, Campo de Ourique, o Bairro Alto, e a Estrela. Ainda o Cais do Sodré e a gloriosa Baixa Pombalina, cada vez mais em decadência e sempre vazia ao fim-de-semana.
Vulneráveis e frágeis, os edifícios são muitas vezes utilizados indevidamente, por bárbaros da cidade e com isto também o desaparecimento imperdoável do património escondido.
Como testemunho triste, os lindíssimos frescos desaparecidos do número 63 da Rua das Flores. Hoje recuperado, a obra está bem conseguida, mas os frescos só mesmo os legumes da Doubles, a mercearia fina que nasceu no rés-do-chão desse edifício.
Enquanto o subúrbio cresce, acontecem tragédias sem perdão, como o caso do número 23 da Avenida da Liberdade no passado dia 6 de Julho.
Já sabemos que a Câmara não tem dinheiro suficiente, e que por isso muitas das obras coercivas ficam paralisadas, mas questiono-me sobre as possíveis medidas preventivas. Como é possível, por exemplo, não ter sido aprovado no ano passado o IMI agravado no caso da não reabilitação?
Batatas quentes e religiões à parte, o castigo calvinista faz da cidade de Amesterdão um testemunho exemplar com moradores de sorrisos rasgados.
Por aqui vai-se rezando, para as casas não virem abaixo.

publicado a 9 de Outubro no jornal Meia Hora

3 comentários:

  1. Lisboa, Lisboa...que te perdes por já teres sido.

    Todos os dias me entristeço com o estado da nossa Lisboa: os prédios devolutos por detrás de "tags" que rompem as suas fachadas, os miradouros tornados ghettos de uma beleza fugidia, a calçada dada por adquirida e, no final da rua, o vazio, o vazio sujo e decadente, o vazio que clama por ser preenchido e pintado de fresco. Lisboa está demasiado carregada de vazio.

    Somos o sorriso de Lisboa. A nossa menina precisa de sorrir.

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  2. Lisboa, Lisboa...que te perdes por já teres sido.

    Todos os dias me entristeço com o estado da nossa Lisboa: os prédios devolutos por detrás de "tags" que rompem as suas fachadas, os miradouros tornados ghettos de uma beleza fugidia, a calçada dada por adquirida e, no final da rua, o vazio, o vazio sujo e decadente, o vazio que clama por ser preenchido e pintado de fresco. Lisboa está demasiado carregada de vazio.

    Somos o sorriso de Lisboa. A nossa menina precisa de sorrir.

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  3. Toda a razão.
    Entristece e envergonha.
    Quase ridiculariza.

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