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Atendendo a uma deliciosa provocação de um viajante da cidade, alguns dos meus registos de Setembro foram dedicados à caça ao calceteiro.
Com “jornas” atípicas lancei-me ao desafio, de alcançar uma conversa com os escultores dos tapetes urbanos da Avenida da Liberdade. Encontro possível porque a 14 de Agosto foi demolido o Café Lisboa, uma morada bem ao estilo de alguns quiosques parisienses como manda o estilo da Avenida.
Com um aspecto deplorável e com certeza, um petisco para a ASAE, absorvi nas páginas dos jornais que o vereador José de Sá Fernandes ainda se lembra de como era bonita a esplanada quando abriu. Ainda que desfocada, também lhe guardo alguma memória, mas partilho em alternativa o prazo de substituição do passeio, que deixa muito a desejar.
Tribunais e concessões à parte, a desafiante calçada portuguesa será sempre uma bandeira, um cartão-de-visita nacional a encantar desde o ano de 1842. Mas não compreendo três simples pontos:
Porquê demolir o café com uma escavadora em pleno Agosto, altura em que há mais turistas na cidade?
Porquê demolir antes de haver um projecto fechado, sendo que demolir, calcetar e depois intervir novamente é uma enorme perda de energia.
Porquê deixar o quiosque ao abandono, em vez de dar na altura certa, a concessão do espaço a outro interessado?
Numa memória mais distante reconfirmo a lembrança do Café Lisboa e concluo, mais uma vez, que a questão estará sempre em manter para evitar. Volto por isso a escrever por estas linhas, que a beleza da cidade passa pelo verbo preservar. Tão simples como as frescas e inocentes conversas calceteiras.
publicado a 2 de Outubro no jornal Meia Hora
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