15 julho 2009
GQ l Pelas ruas da cidade
O raro toque de Midas
Quem conhece a energia feminina e contagiante de Marcela Brunken sabe que o seu toque de Midas transforma ideias simples em acontecimentos irrepetíveis. Uma galeria, um espaço para homenagear o design, mobiliário e objectos reciclados, acessórios, livros, discos, a imensa ideia de mundo e agora uma carpacceria infinita. Rendida à poesia do seu bonito projecto, nesta fábrica de sonhos não existem duas árvores iguais, dois pássaros iguais, duas gotas de chuva iguais ou dois beijos iguais. Talvez por isso a nova carpacceria tenha nascido como mais um irrepetível projecto de amor, desta viajante atlântica pela nossa cidade. Tudo neste templo do bairro do Príncipe Real é construído com uma enorme dedicação, que com detalhes apaixonantes fazem do Fabrico Infinito um testemunho onde de se põe tudo o que se é naquilo que se faz. Da experiência, nomeio o carpaccio de bresaola e abacate ou o de salmão, a acompanhar com o chá gelado infinito com frutos secos. Mas o ponto alto vai para o couvert servido com gengibre, pesto e um extraordinário balsâmico de figo. Ainda para se render a um carpaccio de morango ou desfrutar de um Hendrick's no final do dia, neste terraço e retendo mais uma vez as palavras do nosso mais notável poeta, há ainda o dever de sonhar. De sonhar sempre.
Venham as estrelas
Há anos que me debato com a questão: porque não existem mais restaurantes portugueses com mais estrelas Michelin? Sabemos receber como ninguém, temos umas das melhores gastronomias do mundo e na doçaria temos o privilégio de contemplar tesouros conventuais únicos no planeta. Poderia ter em conta que a doação de estrelas fosse empacotada numa delimitação Ibérica, e que os membros de quem as atribui em Portugal serem os nossos vizinhos galegos. Mas sobra ainda a tão difícil consistência, qualidade importante para se adquirir qualquer estrela Michelin. Na nomeação das estrelas da minha cidade, o Bocca surge como um beijo. Com um nome que nada tem de italiano, este restaurante apresenta uma das mais apetecíveis cartas da cidade e sim merecia mais estrelas do que as que acompanham os passos da equipa fora de série (quem nos serve, move-se sobre uns All Star verdes bandeira). Com a recente mudança de carta não poderia deixar de partilhar as novas sugestões e o carinho com que Pedro Freitas faz desta morada uma das mais consistentes da oferta da capital. Ainda no rasto dos astros, a minha escolha elege o camarão tigre salteado com arroz cremoso de algas wakame, com telha de parmesão e nori com emulsão de mariscos. Sobre a atribuição das merecidas Michelin, quero continuar a acreditar – acreditar sempre -no trampolim de estrelas que Carlos Drummond de Andrade tanto transpirava nos seus poemas do além.
As melhores do mundo
Com a minha pouca admiração de qualquer franchising na minha cidade, abro uma excepção merecida a estas pequenas bolachas artesanais. Da catalã Demasié, estão disponíveis na Xocoa, o novo paraíso de chocolate da Baixa Pombalina. Defendidas pelos seus criadores como “exageradamente boas”, eu atrevo-me a adjectiva-las como surpreendentes ou mesmo as melhores do mundo. Fica a provocação.
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