23 setembro 2009
GQ l Pelas ruas da cidade
A segunda casa
Em descanso numa das chaise longues da Malhadinha e com o poderoso silêncio do campo, memorizo as palavras de um dos divãs de Goethe: as palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade. A morada é inspiradora e foi uma das boas surpresas deste Verão. A pouco tempo de Beja, o paraíso alentejano é um testemunho vivo de um sonho. A perseverança da família Soares - proprietária da herdade - é conhecida por colocar toda a paixão nos mais pequenos detalhes, como se pode comprovar nos rótulos dos vinhos da herdade, todos desenhados pelas crianças da família. A juntar aos apetecíveis vinhos da Malhadinha, o hotel que é uma casa de campo, explora o conceito country chic, onde candeeiros Mariano Fortuny ou Philipe Starck contrastam com o azul anil e os vários tons de branco. Mas o melhor de tudo, o silêncio e as pessoas. A serenidade da Cláudia, a energia da Catarina, a disponibilidade do chefe Vítor Claro que com a ajuda de André Pires e da D. Vitalina Santos – para os petiscos mais regionais - nos conquista pela qualidade espantosa do restaurante instalado na Adega. Mais do que um hotel muito apetecível, uma casa onde somos recebidos como amigos. Os de sempre.
Para além de um nome
O nome do restaurante num dos bairros mais emblemáticos da cidade não me atraía, confesso. Mas caprichos pessoais à parte – por ser uma amante da língua portuguesa e também decepcionada pelos muitos Residense’s e Palace’s que inundaram o nosso país - sempre que descia a São João da Mata observava mas não entrava. Hoje reconheço que além do nome, a primeira sala do restaurante me intimidava. E hoje peço-me desculpa por não ter elevado a curiosidade. É que por trás da primeira sala existem mais duas: uma segunda mais acolhedora e uma terceira que me conquistou pela parede de ardósia. A fama da melhor focaccia de pêra da cidade compensou em medidas largas o meu preconceito. A cozinha, está a cargo de Alessio Carrer, um italiano nascido em Caorle - na província de Veneza – um chef que trabalhou num restaurante em Nova Iorque com os proprietários, André Cristóvão e Liana Pinto. A carta tem uma base puramente italiana, de estilo mediterrâneo, mas com raízes que elevam a tradição e costumes da província veneziana. Nas conquistas: o couvert, pela variedade do pão com destaque para o de centeio, as pizzas cozidas em forno a lenha, finas e estaladiças. Na categoria das massas e dos rissotos a originalidade é palavra de ordem, mas a minha rendição partilha os Gamberoni alla Triestina, umas gambas descascadas, salteadas em azeite aromatizado com manjericão e flamejadas com conhaque e vinho branco. O prosecco pode ser servido a copo e nas sobremesas destaco o Tiramisú. O serviço é perfeito. Aceitando o Sofisticato, como um restaurante do Mundo na minha cidade, ainda as palavras de Voltaire: os homens erram, mas os grandes homens confessam que erraram.
Do Norte da Sumatra
Com um aroma refrescante de groselhas negras com toranja e suaves notas amadeiradas que recordam alcaçuz e plantas coníferas, o Singatoba, rico e encorpado com um leve toque de acidez é o tão esperado Special Club deste ano. Pertencente à linha dos Grands Crus de qualidade premium, a variedade da safra limitada Arábica Blue Batak é oriunda da região do Lago Toba do norte da Sumatra, na Indonésia. Mais uma dádiva Nespresso para a energia dos viajantes da cidade.
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