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09 março 2010

eu, Alice



Alexandra Prado Coelho escreveu no Ípsilon que a versão de Tim Burton do País das Maravilhas é negra. Escreveu bem. Não tenho qualquer dúvida, quando recuo na memória e recordo que a Alice no país das Maravilhas não era a minha história preferida. Um bela acordada por um beijo, a antítese de uma maça envenenada ou mesmo a ideia de uns sapatos de cristal, todas as histórias eram mais desejadas do que a menina que um dia se mostrava no outro lado do espelho.

Apreciadora da imaginação concretizada de Tim Burton percebo a sua eleição por uma história que vive tão próximo da nossa realidade. Alice in Wonderland não me surpreendeu e a sensação é justificada pelo barulho criado à volta de um filme que me comprova, mais uma vez, que a satisfação será sempre igual à realidade menos a expectativa. A fita é bonita, é criativa, é inteligente, é Tim Burton. Mas mais genial do que tudo isso é a imaginação de Louis Carroll que escreveu uma história para crianças e adultos. E hoje, depois de um caminho talhado pela palavra experiência, delicio-me com a genialidade de cada personagem, de cada símbolo, que estende o nosso lado mais íntimo ao mundo imaginário.

O encaixe com a realidade é estóico. No final não nos temos de confrontar com a utopia de que a menina viverá feliz para sempre. Ainda a importância da chave, a escolha das portas, a variação da grandeza de Alice faz-me reconhecer a humanidade da personagem. Ao longo da história, a sua confiança no desconhecido e o mais sublime de tudo: a fuga antes da decisão.

Um verdadeiro manicómio ?... talvez. Para mim real. Muito. É que é na inteligência das pequenas e grandes loucuras, que todos os dias me vou tornando cada vez mais sábia, eu diria.

4 comentários:

  1. a verdade é que pelo que já se leu do que escrevi, se nota que manifesto facilmente excitação por coisas que me espantam. toda a razão: a expectativa pode desvirtuar.

    a alice é aquela história de infância que a maioria das crianças reprime. lá está, não é um sonho, é mais um pesadelo. há uns anos fiz um trabalho sobre contos infantis e psicanálise e aprendi algumas coisas bem interessantes, outras ridículas. a alice esconde muita coisa e a dualidade criança-adulto da história não surge por acaso. ver em jovem adulto esta versão assenta melhor que a transmitida anteriormente pela Disney em criança. O livro do Carroll, que confesso não ter completado, serve muito melhor nesta história mais surreal, negra, pop e dramo-cómica. Tal como escreveu, não me espantou por aí além, é o Universo do Burton, como peixe na água. A mudança mais radical da personagem, de impávida a crítica, é só um piscar de olhos autobiográfico e moral a que o realizador já nos habituou desde cedo. Agora, tenho que ser sincero: senti prazer ao ver a fita e absorvi cada cena e cenário...ai ai o guilty pleasure...

    entretanto já tinha lido na Time Out aquilo dos cup cakes, estive numa das lojas mas não consumi...espero serem tão bons como os originais!

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  2. O Nessuno acabou de ganhar o prémio de maior comentário nesta morada. Sobre as lojas a Tease só abre no Sábado, a Cupcakes*Bazar é à porta fechada por isso questiono-me se ando a perder alguma coisa na minha cidade... :-)onde foi?

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  3. ai foi? =)

    acho que até está bem actualizada. foi numa feira o ano passado. acho que a banca era da Bazaar!

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