30 abril 2010
PersonalTime Newsletter | Maio 2010
O calor veio para ficar e com ele dois restaurantes, em Lisboa e no Porto, que prometem ser as novas princesas da cidade. A nova edição limitada Tanzarú da Nespresso e The Glenlivet Cellar Collection 1973 merecem também o destaque da PersonalTime, ao lado de uma escapadela à montanha mais elevada de Portugal. Sonhos para as nossas crianças, massagens em casa, presentes especiais para o dia da Mãe e uma agenda cultural com escapadela à National Portrait Gallery em Londres, sem esquecer o testemunho de um dos chefes mais fulgurantes de Lisboa e as imprescindíveis palavras de João Tordo, o último Prémio Saramago.
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passion changes everything
a message with deep resonance, com a minha assinatura por baixo.
use only in times of crisis or invasion
o andar atlântico surpreende-se com o seu significado.
In the Spring of 1939, with war against Germany all but inevitable, the British Government's Ministry of Information commissioned a series of propaganda posters to be distributed throughout the country at the onset of hostilities. It was feared that in the early months of the war Britain would be subjected to gas attacks, heavy bombing raids and even invasion. The posters were intended to offer the public reassurance in the dark days which lay ahead.
The posters were required to be uniform in style and were to feature a 'special and handsome' typeface making them difficult for the enemy to counterfeit. The intent of the poster was to convey a message from the King to his people, to assure them that 'all necessary measures to defend the nation were being taken', and to stress an 'attitude of mind' rather than a specific aim. On the eve of a war which Britain was ill-equipped to fight, it was not possible to know what the nation's future aims and objectives would be.
At the end of August 1939 three designs went into production with an overall print budget of 20,600 pounds for five million posters. The first poster, of which over a million were printed, carried a slogan suggested by a civil servant named Waterfield. Using the crowns of George VI as the only graphic device, the stark red and white poster read 'Your Courage, Your Cheerfulness, Your Resolution will Bring Us Victory'. A similar poster, of which around 600,000 were issued, carried the slogan 'Freedom is in Peril'. But the third design, of which over 2.5 million posters were printed, simply read 'Keep Calm and Carry On'.
The first two designs were distributed in September 1939 and immediately began to appear in shop windows, on railway platforms, and on advertising hoardings up and down the country. But the 'Keep Calm' posters were held in reserve, intended for use only in times of crisis or invasion. Although some may have found there way onto Government office walls, the poster was never officially issued and so remained virtually unseen by the public - unseen, that is, until a copy turned up more than fifty years later in a box of dusty old books bought in auction.
Shop owners Stuart and Mary Manley liked the poster so much that they had it framed and placed near the till in their shop. It quickly proved popular with customers and attracted so many enquiries that Stuart and Mary decided to print and sell a facsimile edition which has since become a best-seller, both in the shop and via the internet.
The Ministry of Information commissioned numerous other propaganda posters for use on the home front during the Second World War. Some have become well-known and highly collectable, such as the cartoonist Fougasse's 'Careless Talk Costs Lives' series. But ours has remained a secret until now. Unfortunately, we cannot acknowledge the individuals responsible for the 'Keep Calm' poster. But it's a credit to the nameless artists that, long after the war was won, people everywhere are still finding reassurance in their distinctive and handsome design, and the very special 'attitude of mind' they managed to convey.
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29 abril 2010
o mapa do amor
27 abril 2010
palavra (en)cantada
Não percam a palavra (en)cantada na Casa Fernando Pessoa esta quinta-feira às 18h30. 'Um documentário de longa-metragem dirigido por Helena Solberg, que faz uma viagem pela história do cancioneiro brasileiro com um olhar especial para a relação entre poesia e música. Dos poetas provençais ao rap, do carnaval de rua aos poetas do morro, da bossa nova ao tropicalismo, Palavra (En)cantada passeia pela música brasileira até aos dias de hoje, costurando depoimentos de grandes nomes da cultura do Brasil, performances musicais e surpreendente pesquisa de imagens.
Com a participação de Adriana Calcanhotto, Antonio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha, Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. Imagens de arquivo resgatam momentos sublimes de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom Jobim. Poemas de Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto, Hilda Hilst e pérolas de grandes compositores conduzem o guião.
26 abril 2010
menino do rio
a transpiração sublime de mais um abraço à minha cidade, de um escritor que escreve sempre com as sensações coladas à pele.
Não tinha sequer pensado em escrever-te, ando cansado de ti e do teu humor de merda em tantas tardes de chuva. Ia escrever sobre o Rio de Janeiro e os cariocas que graffitaram o Cristo Redentor com a frase: “Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa.” Mas depois saí de casa por causa do sol e comprei um cornetto de morango e, juro-te, há sempre miúdos com uma bola na minha rua. Hoje, finalmente, a bola fugiu para os meus pés e dei dois toques antes de passá-la. O dia corria-me bem até porque numa esquina da praça já não se vendem castanhas mas morangos gordos e mangas cor de fogo. E, nas escadas de pedra, encontrei adolescentes que, estou certo, se baldaram à última aula para fumar ganzas e namorar como nos filmes que vêem nos portáteis – ela com a mão no queixo, ele com a franja nos olhos. Mais a asiática linda com óculos escuros de diva e cabelo de guerreira ou a miúda ao telemóvel com a mãe, que pedia dinheiro para a renda e não sabia se ia receber uma bolsa: “Mas tenho fé”, copiei da boca dela para o meu bloco de notas. Queria falar do Rio de Janeiro, mas por causa de uma limonada no Chiado, das estrangeiras giras com ombros de alças e chapéus de palha, por causa de todos os coxos e cegos e janados que pedem esmola, por causa dos ciganos que me tentam vender haxe, por causa dos prédios que ardem junto da minha casa, devolutos, esquecidos, sem ninguém que faça vida neles há décadas, por causa do que me fodes o juízo e de tudo o que me dás, estou a escrever-te a ti. Porque sabes, Lisboa, às vezes estás-me tão entranhada.
publicado a 22 d Abril na crónica diária do viajante, no jornal i
23 abril 2010
movie on
vou ali e já venho.
22 abril 2010
nesses dias distantes
O registo foi uma das imagens que não preciso de visualizar para me lembrar de um país que me alterou para sempre. Tudo o que recolhi, tudo o que deixei para trás e permitiu um reabraço à cidade que me move todos os dias a montanhas elevadas. Sim, sempre gostei de grandes conquistas.
Hoje a minha memória voltou a tropeçar na Grécia, culpa das palavras da Economist apanhadas no Diário Económico de hoje, ou pelos artigos sempre fulgurantes de um grande amigo também viajante desta cidade. Na extensão das suas palavras um testemunho de uma grega, que por breves instantes reflectiu a minha memória num espelho.
Diante de Maria Kyriakopoulou, em Madrid, não passaram dois segundos até que ela referisse, com o sorriso dos vencedores, a final desgraçada do Euro 2004. Por estes dias, mostro-lhe Lisboa, e ela espanta-se com a serenidade, a beleza e o potencial da cidade. Chegou a parar numa imobiliária para ver preços de casas. Diz-me que não há voos directos entre Atenas e Lisboa: “Os senhores da Europa não querem estes países juntos.” Comparamos os dois povos e, a meio do almoço, garante-me que a preguiça do serviço de mesas é igual na Grécia e em Portugal. Quero que goste da minha cidade e mostro-lhe o Tejo num miradouro. Ela está convencida. Responde-me com uma descrição das ilhas gregas. Há uma sintonia e uma partilha que talvez não conseguisse com um alemão. Somos, eu e Maria, filhos de países pobres que se comportam como novos ricos. Conhecemos o melhor destas nações mas tememos que o desperdício das oportunidades, nos últimos 30 anos, tenha causado demasiados estragos no coração do povo. Explico-lhe que 48 anos de uma ditadura pobre, liderada por um merceeiro cruel, nos domesticaram o sangue. Ela responde que os turcos ocuparam a Grécia durante cinco séculos. E pergunta-me se, como no seu país, por causa do plano de austeridade do governo, não saímos para a rua com pedras e paus e carros incendiados. Penso no PEC, na greve dos enfermeiros, na ocupação do centro de saúde de Valença. Não me lembro das últimas granadas de gás lacrimogéneo nas ruas. O nosso povo é sereno. Talvez isso sossegue os senhores da Europa.
A Grécia ofereceu-me a felicidade de mão beijada. Tal como a Maria espantei-me com a cidade e o privilégio de ter lá vivido de braço dado a gregos, obriga-me a partilhar a vitalidade de uma cidade, que embora caótica e pouco civilizada, esconde tesouros inimagináveis: a alegria, a sofisticação, a generosidade ou mesmo um ego invejável. Invadidos várias vezes ao longo da sua história, não há Venezianos, Otomanos ou Segunda Guerra Mundial que fragilize as boas vibrações das abençoadas terras helénicas. Um país onde sempre me senti em casa e que tanto me ensinou sobre a dignidade do ser humano.
Concordo com o meu amigo sobre a não cumplicidade com qualquer país germânico ou calvinista. E se não há gás lacrimogéneo nas ruas de Lisboa, lamento o excesso de sorrisos tristes, mas isso já nós sabemos que é culpa do delicioso fado.
hoje é o dia da terra
na tentativa do abraço cada vez mais largo ao universo, decretei que apenas usaria produtos como este no andar atlântico. quanto a detergentes a escolha é imediata, mas confesso que pagar quase €5 por isto para atirar buraco abaixo é um esforço, compensador na minha humilde consciência.
vi o 'into the wild' fora de horas, mas não deixou por isso de ser uma fita que ocupa a prateleira mais alta desta casa. em homenagem ao dia de hoje e nas escolhas de Christopher McCandless, entre Lord Byron, Tolstoi ou Boris Pasternak partilho-vos a célebre frase de Henry David Thoreau que inunda uma das cenas do filme.
mais do que o amor, do que o dinheiro, e do que a fama,
dai-me a verdade.
21 abril 2010
mais camas mais sonhos
ainda não me tinha lembrado de partilhar esta novidade. lembram-se deste edifício na 24 de Julho, que tinha uma bomba de gasolina em baixo? vai ser um hotel e promete bastante, já que os interiores estão a cargo de Manuel Reis e terá um terraço com vista sobre o Tejo, num dos mais promissores bairros da capital.
i'll keep you informed.
20 abril 2010
'provoca-me que eu gosto'
Rua do Norte, 31 Lisboa
Tel. 96 910 55 25
http://www.tease.pt/
cupcakes a partir de €1,8
18 abril 2010
as cerejas no reino do maravilhoso
mais um tropeção na Fnac. desta vez (finalmente encontrei) o documentário Manuel Hermínio Monteiro de André Godinho. uma hora de testemunhos do seu amor e muitos amigos, sobre um ser humano que elevou a poesia e a quem dediquei a primeira colecção da criarte.
'o nome de um pássaro' como lhe chamou o Tolentino, o 'princípe' de Cesariny ou o 'perfeito incendiário' de Alfredo Saramago. a memória permanece nas folhas das árvores.
e se é verdade que a imagem de Manuel Hermínio Monteiro ainda procura o coração de José Agostinho Baptista, a viagem da poesia confirma que os livros sempre foram 'editados pelo prazer e não pelos patacos'. sempre defendi este segredo, quando o objectivo do dinheiro é diluído na paixão o caminho é mais limpo.
ainda tive o privilégio de um dia jantar na mesma mesa de m.h.m. e por na altura não ser a balsaquiana que hoje sou limitei-me (infelizmente) à distância do sorriso. mais tarde e para pedir os direitos para o lançamento da criarte encontrei-me com a sua companheira de vida Manuela Correia que me disse que o Cesariny abria sempre os braços nas viagens que faziam juntos. agradeço a coincidência.
no poder de 'retirar a ansiedade do tempo', a presença da ligação sagrada à natureza e a unidade do universo onde o ser humano também habita. assim simples e sublime, como se 'o tempo em que te espero me desse toda a dignidade do mundo'.
16 abril 2010
you’re here
Ontem estive quase seis horas num evento na nossa cidade, mas este edifício tem quase sempre este efeito em mim. A razão das horas voadas, a excelente companhia e a pré-inauguração da exposição 'you’re here' no MUDE l Museu do Design e da Moda.
O espaço mais berlinense da nossa cidade recebeu a Converse que com a sua mais recente campanha publicitária mundial, promoveu a apresentação da colecção SS’ 10 ao mesmo tempo que lançou um desafio a um grupo os artistas portugueses, Rui Ventura, Ana Ventura, Filipe Rebelo e Rodrigo Oliveira, André Pinto, Cláudio Balas, Nuno Rocha e David Infante, que representam o espírito da marca.
A ideia pretende inspirar o movimento criativo através da publicitação de histórias pessoais de novos criativos de todo o mundo, provocando, simultaneamente, os consumidores a actuar com criações divulgadas pelo claim da campanha “You’re On”, “You’re Up” e “You’re it”. E na senda da iniciativa da Converse também a presença de um conjunto de curtas metragens - o mais interessante da exposição - que representam artistas desconhecidos e que a Converse recrutou de todo o mundo para compor as imagens da sua campanha publicitária. O projecto arrancou com vários eventos em Berlim, Los Angeles e Sydney e ontem em Lisboa.
'You’re Here' em Lisboa vai ainda incentivar o público a participar neste processo, durante os dias da exposição, que decorre de 16 a 25 de Abril - 3ª a 5ª e Domingo, das 10h às 20h e 6ª e Sábado, das 10h às 22h - com uma acção de oferta e personalização de T-shirts Converse pelos From the Cave, no dia 23 de Abril, das 16h às 19h no MUDE.
15 abril 2010
lisboa é cool. ponto.
14 abril 2010
o Porto é cool. ponto.
um lugar para viver
a história 'Away we go' de Sam Mendes transportou-me ao passado, no dia em que me lembro de ter chegado a Lisboa - vivia na Grécia - abraçada a um 'start again' e ter atirado sessenta caixas (ou o meu sublime legado) para dentro de um armazém. a pergunta mais válida, apenas esta: 'quando e onde voltaria a encontrar-me com os meus objectos e os meus amigos silenciosos?
lembro-me que bati com a porta, abandonando o armazém com o objectivo determinado de um dia, voltar a marcar o número de telefone da empresa de mudanças. nesses dias distantes lembro-me do pensamento que me movia: aconteça o que acontecer, terá de ser contruído com paixão. nada de prostituições em função de um alcance mais rápido aos objectos. sim, hoje apenas me movo abraçada à liberdade. sem medo, o dinheiro (essa palavra que verbalizo, consciente de que é apenas uma energia que está neste mundo para nos servir), aparece sempre para voltar a erguer o castelo. e confesso-vos que muitas vezes ainda me espanto com os frutos duma árvore que nunca se deixou podar pelo medo.
na senda dos riscos que cumpri durante a vida, muitas vezes me cruzo com histórias e pessoas que vivem sem redes, como eu. e os filmes de Sam Mendes obrigam-me sempre a confrontar capítulos do passado. 'American Beauty' ou 'Revolutionary Road' já tinham marcado encontro com algumas gavetas da memória. em 'Away we go' não me posso esquecer da imagem final do filme (e não revelarei pormenores para não estragar surpresas) o olhar final de duas pessoas que testemunham 'o elogio do amor' de Miguel Esteves Cardoso.
nunca precisei de colar um itinerário dentro de nenhum dos meus casacos, mas sei que muitas vezes apenas tomamos consciência das nossas imagens passadas nas histórias dos outros. o espelho foi muito próximo: a emoção e a incompreensão na expressão de Verona (Maya Rudolph) e a surpresa serena de Burt (John Krasinski), tudo numa imagem que faz esquecer qualquer cartão a fazer de vidro, ou o frio que um dia entrou através de uma janela partida.
mais aqui e aqui.
viajantes que tocam
já não me lembro de quando divulguei neste blog a ideia genial da Move On Entertainment. já experimentada noutras cidades como Estocolmo e Milão, a boa notícia é que desta vez a 'escada piano' vai ser colocada no Porto, na estação de Metro do Bolhão. bravo.
12 abril 2010
still life
já tinha passado quase um ano, mas não resisti ao rapto, no momento da passagem do hall de saída, da festa do amigo mago. confesso. roubei (com permissão), um convite de 2009 da torre do correio empilhado (sempre adorei curvar-me diante de edifícios altos). o convite da exposição 'dias úteis' de Catarina Botelho tinha quatro imagens, uma delas esta.
no mesmo convite as palavras de Filipa Valadares,
'Existe na expressão Still Life uma contradição intrínseca. Still refere-se a tudo o que está parado, sem movimento, ruído ou acção, que está fixo e que permanece, referindo-se no limite à morte. Por outro lado life refere-se ao estado, propriedade ou qualidade do que está vivo, à vitalidade e ao tempo da vida. Apesar destas duas expressões serem aparentemente o oposto uma da outra, elas coexistem desde há séculos, na expressão inglesa Still life, anunciando-a como uma Vida Parada, fixa. Já a expressão Natureza Morta (adoptada por diversas línguas latinas), mata à partida a natureza, e em contraponto, a versão alemã Stilleben, refere-se a uma Natureza Silenciosa. Diz-se de uma imagem que é retirada de um filme ser um still, um momento parado do mesmo. Esta qualidade de parar e fixar é intrínseca à fotografia enquanto processo e à forma como gera nas suas imagens, uma paragem do tempo. É neste limbo entre still e life, entre esta paragem silenciosa e a vida, que podemos incluir as fotografias desta exposição. Não sendo obrigatoriamente naturezas mortas, são imagens fixas no tempo, captadas num momento que já passou, mas ainda relativas à vida que continua.'
a opção do rapto foi simples.
'As casas são também uma presença constante nos trabalhos de Catarina Botelho, é no seu interior que praticamente tudo acontece. Elas acolhem as pessoas e os objectos, e só pontualmente há outros espaços como cafés, hotéis ou cenas de exterior, mas quase sempre como uma extensão da casa. A casa é o lugar de convivência, onde permanecemos, é o espaço vivido diariamente. Apesar das suas imagens continuarem na sua maioria a representar pessoas, surge agora também uma aproximação particular aos objectos. Eles sempre estiveram lá, no plano de fundo, mas agora autonomizam-se ganhando um espaço próprio nalgumas imagens. Há ainda outros objectos como mesas, camas ou sofás, que criam horizontes estáveis de relação com os corpos que com eles convivem, ou aos quais se abandonam.'
abandonei a casa com a memória dos seus objectos, no privilégio da utilidade dos dias e na mão, uma imagem para a parede dos poetas do andar atlântio. a certeza de uma noite em que trouxe agarrada à minha pele a extensão de uma casa. a extensão de um amigo que gosto muito e que cresce assim como uma árvore rodeado de pessoas de 'palavra única', hoje aumentado por momentos onde apenas há espaço para a 'liberdade' e muitos dias claros
'relativos à vida que continua'.
10 abril 2010
'In Liebe zu D'
criado pela Lloyd Associates recebi um presente de anos improvável e surpreendentemente perfeito. dos mesmos que fazem a estrondosa Qompendium, o mago elevou-me com o número quatro da M Publication.
acompanhado também de uma segunda pele da Strenesse (não, com certeza não passarei despercebida pelas ruas da cidade) o seu significado eleva a 'liberdade'. as asas de midas estendem-se ainda a um cartaz que já ocupa um lugar de honra na parede dos poetas do andar atlântico.
curioso o reflexo da viajante da página direita. observe o nascimento.
09 abril 2010
meus livros, o regresso
08 abril 2010
a cidade branca
finalmente apanhei o Dans la Ville Blanch do Alain Tanner na Fnac. a fita captada pela fotografia de Acácio de Almeida é filmada em Lisboa e co-produzido com Paulo Branco.
o argumento reflecte a solidão e a inconstância de um homem que se perde nas velhas ruas da zona ribeirinha de Lisboa, onde vive um inconsequente amor com uma 'rapariga de alma itinerante'. o envolvente e sensível drama sentimental, eleva a nossa cidade branca que se assume mais como personagem do que como cenário.
um mecânico naval - Bruno Ganz (o anjo do meu idolatrado Wings of Desire de Wim Wenders) - chega a Lisboa a bordo de uma 'fábrica flutuante' e também é um dos viajantes de Bertolucci quando decide ficar na nossa cidade.
na história um relógio anda em sentido inverso, que nas palavras de Rosa - Teresa Madruga - não é mais do que um relógio correcto num 'mundo ao contrário'. os silêncios e a solidão do homem são brancos, num cenário que mostra uma Lisboa decadente (estamos em plenos anos oitenta) com a salvação dos táxis serem ainda pretos e verdes.
o homem viajante deambula pela cidade, é um desertor e nas suas palavras
e o 'tempo desfaz-se', numa fita que testemunha a história cénica da minha cidade.
o homem luz ll
'Não sei dizer exactamente porque o fiz. Talvez porque a literatura, coisa extraordinária e impossível de explicar (e justamente por isso alvo de constantes e frustradas tentativas), tinha sido uma jovem ambição que cedo se transformara numa fonte de mal-entendidos. Fosse porque não acreditava em mim próprio, fosse precisamente pela razão contrária – porque, no fundo, me julgava capaz de coisas extraordinárias – tomei a decisão de, após muito tempo a fazer aquilo a que normalmente chamamos 'ganhar a vida', renunciar a essa flagrante perda de tempo e fechar-me em casa a escrever a obra com que, finalmente, me vingaria do mundo.'
07 abril 2010
miss traveller
alguém me sabe dizer a melhor maneira para ir de Istambul a Pamukkale e também Cappadocia? alugar um carro, comboio ou mesmo uma chocolateira cheia de turcos e turquezas?
06 abril 2010
Cais Chiado
O Cais no Chiado abriu no edifício do Siza quase a chegar ao Cais do Sodré. Além de refeições do dia (gostei das servidas numas marmitas tradicionais) é também um mini-mercado biológico e uma loja de conveniência. Em termos de ambiente o espaço é muito agradável mas infelizmente (sempre gostei de boa concorrência) não chega aos pés da qualidade do Quinoa, com morada numas portas mais a cima. A prova disso são os folhados tipo 'Panike' lustrosos e pouco apetecíveis ou a exibição de um prato do dia, montado para chinês ver, com massa já seca possivelmente pelas horas passadas. Poderia achar que estou a ficar maluca a reparar nestes detalhes - desculpem, mas sou muito exigente com a minha cidade - mas felizmente estava com uma amiga minha treinada muitos anos no Four Seasons que me confirmou o mau aspecto.
Mas o pior estaria para vir, da primeira vez que lá fui estive cerca de 15 minutos à espera de um abatanado. Tanto esperei que decidi ir bebê-lo a outro lado. Mas o mais estranho de tudo foi ao me levantar e terem-me perguntado se já estava servida e eu ter dito que voltava noutro dia, pois estava à muito tempo à espera responderem-me 'ainda bem que gostou'. Vou lá voltar para dar mais uma oportunidade na qualidade do serviço, quanto aos folhados sintéticos e ao prato para chinês ver, já sabem, não aceito desculpas.
Absolut Lisbon
'how it is'
pensei nisto o dia todo. não consegui ver (hoje era o último dia) a obra do polaco Miroslaw Balka no Turbine Hall na Tate Modern em Londres (na minha opinião o melhor museu do mundo). para os que se fustigam tanto como eu, explore aqui, aqui e aqui.
05 abril 2010
03 abril 2010
Os mistérios de Lisboa l Diário Económico
À conversa com Sancha Trindade, autora do blog 'lisboanapontadosdedos', fundadora da criarte.pt e editora da newsletter da personaltime.pt, descobrimos quais os spots eleitos por esta autora, formada em História de Arte, que viveu fora uns tempos e que de regresso se agarrou à sua eterna paixão: a arte. Neste caso de ser viajante na sua própria cidade. Aqui fica um breve resumo do que fazer - e sobretudo do que não perder.
Segundo os diálogos de um dos filmes de Bertolucci, “os turistas pensam em retornar a casa, os viajantes nem sempre voltam”. Sempre preferi os viajantes. Não deixaria de partilhar o Jardim de São Pedro de Alcântara, o 28 (do Chiado às Portas do Sol), a vista do Castelo, a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos, o MUDE, os jardins da Gulbenkian a Exposição da Joana Vasconcelos no Museu Berardo, a ponte (ida e volta) e um passeio de barco à vela no Tejo.
Quais os lugares a não perder?
O tempo será sempre breve, mas esforço-me sempre para não abandonarem a cidade sem terem tomado o o pequeno-almoço no Quinoa ou no Kaffehaus no Chiado, compras na Luvaria Ulisses, na Vida Portuguesa, na Feira da Ladra, nos Alfarrabistas da cidade e na livraria Ler Devagar do Lx Factory. Ainda a Casa Pereira, com direito a uns dos aromas mais inesquecíveis do Chiado. Ao fim da tarde qualquer Quiosque do Refresco, um pastel de Belém, um Porto no Palácio Belmonte, ou um Hendrick’s na varanda do Bairro Alto. Para sentar à mesa, sem hesitar, o Papa Açorda, a Bica do Sapato (apenas a cafetaria), o Chapitô, ou o jantar na Taberna Ideal, agora também com uma ‘Petiscaria’ também ‘Ideal’ na porta ao lado. Fado no Mesa de Frades e na senda da noite, o Lux.
O restaurante Largo (apenas por ser novidade) no Largo de São Carlos, o brunch do Kaffehaus(recém aumentado), os risottos do Bocca, o pão biológico e suspiros de canela no Quinoa, os colares da Lijda Kolovrat na sua nova loja da Rua Dom Pedro V e as freseas (sempre eternas) do Maurício Fernandes no Em Nome da Rosa.
Lugares de culto da cidade
Neste momento a nova Assírio & Alvim bem escondida no Chiado, o Epicurista pela selecção de produtos do Armando Ribeiro e o Shortcutz (iniciativa do Rui de Brito) no Bicaense todas as terças feiras pela iniciativa e transversalidade.
Qual o factor D da Lisboa
Árvores, muitas árvores e o desejo de podermos ir da Avenida da Liberdade ao Príncipe Real pelo Jardim Botânico.
02 abril 2010
travellers
na senda da partilha no Diário Económico, a elevação aos viajantes.