finalmente apanhei o Dans la Ville Blanch do Alain Tanner na Fnac. a fita captada pela fotografia de Acácio de Almeida é filmada em Lisboa e co-produzido com Paulo Branco.
o argumento reflecte a solidão e a inconstância de um homem que se perde nas velhas ruas da zona ribeirinha de Lisboa, onde vive um inconsequente amor com uma 'rapariga de alma itinerante'. o envolvente e sensível drama sentimental, eleva a nossa cidade branca que se assume mais como personagem do que como cenário.
um mecânico naval - Bruno Ganz (o anjo do meu idolatrado Wings of Desire de Wim Wenders) - chega a Lisboa a bordo de uma 'fábrica flutuante' e também é um dos viajantes de Bertolucci quando decide ficar na nossa cidade.
na história um relógio anda em sentido inverso, que nas palavras de Rosa - Teresa Madruga - não é mais do que um relógio correcto num 'mundo ao contrário'. os silêncios e a solidão do homem são brancos, num cenário que mostra uma Lisboa decadente (estamos em plenos anos oitenta) com a salvação dos táxis serem ainda pretos e verdes.
o homem viajante deambula pela cidade, é um desertor e nas suas palavras
e o 'tempo desfaz-se', numa fita que testemunha a história cénica da minha cidade.
Curiosamente, vi neste último fim-de semana tanto o "Dans la Ville Blanch" como o "Wings of Desire". É interessante como no primeiro filme o personagem parece querer fugir ao tempo e à própria mortalidade, e como no segundo sucede precisamente o inverso. Para completar as coincidências, acabei o fim-de-semana a ver o "Youth without youth", que, para minha surpresa, lá contava com o magnífico Bruno Ganz no elenco...
ResponderEliminarPS: O Wings of Desire é um filme único, que nenhuma pessoa deve perder a oportunidade de ver. Obrigado pela insistência...